Piores ataques israelenses na Cisjordânia em quase 20 anos matam ao menos 8 palestinos
País de Netanyahu usou drones e milhares de soldados em sua ofensiva no território ocupado, acirrando mais a escalada de violência na região
Israel lançou na madrugada desta segunda-feira (3) seu pior ataque contra o território ocupado da Cisjordânia em quase duas décadas, com bombardeios aéreos e o deslocamento de milhares de soldados que já deixaram ao menos oito palestinos mortos. Após semanas de pressão do setor radical do governo mais de direita da História israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou a operação sem data para acabar contra o campo de refugiados de Jenin, aprofundando uma escalada de violência que desperta preocupação internacional.
Os bombardeios aéreos, algo que não acontecia desde o fim da Segunda Intifada em 2005, começaram primeiro, seguidos de avanços por terra com soldados, tanques e blindados. O Ministério da Saúde palestino já conta ao menos oito mortos e cerca de 50 feridos, mas as ambulâncias têm dificuldade para chegar até as vítimas diante do aparato de segurança lançado por Netanyahu contra a região ocupada desde 1967.
Os israelenses afirmam ter "neutralizado três terroristas", alvo de ataques específicos com drones no campo de Jenin, lar de aproximadamente 18 mil pessoas. O local também é um dos bastiões do movimento armado palestino, berço de uma nova geração de combatentes articulada de forma mais horizontal, às margens dos grupos paramilitares tradicionais.
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Em 2022, forças israelenses mataram mais de 170 palestinos nos territórios ocupados da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, o ano mais letal desde 2006. Até maio deste ano, os mortos já eram 156, despertando indagações de alguns especialistas se havia uma nova Intifada em curso — tensões que pioraram com a volta de Netanyahu ao poder em dezembro após um interregno de 18 meses.
"Ainda estamos em solo e não há um prazo. O campo de Jenin é um ninho de terroristas" disse Richard Hecht, porta-voz internacional do Exército israelense, que classificou a operação como um "amplo esforço antiterrorista" e disse que há de mil a 2 mil soldados em campo.