Polícia acha livros raros de Newton e Galileu desaparecidos após furto cinematográfico
Investigação durou três anos e fez buscas em 45 endereços atrás de obras levadas de Londres
Uma força-tarefa de policiais europeus encontrou em um esconderijo subterrâneo na Romênia cerca de 200 livros raros, entre eles primeiras edições dos físicos Galileu Galilei (1564-1642) e Isaac Newton (1643-1727).
As obras haviam sido furtadas de um armazém em Londres em 2017, em uma operação digna de filme policial.
Um fio de cabelo foi peça fundamental para chegar a 13 suspeitos no ano passado, mas os livros só foram descobertos nessa quarta (16).
O caso começou em janeiro de 2017, quando dois homens abriram o telhado do galpão em que os livros raros aguardavam para serem levados a Las Vegas, onde seriam leiloados.
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Para evitar que sensores acionassem o alarme, eles desceram de rapel, apoiaram-se nas prateleiras e retiraram os livros em 16 sacolas suspensas por cordas, numa atividade que durou cinco horas.
Saíram do local em um Renault Megane azul (que foi limpo com desinfetantes e abandonado), deixaram os livros em um apartamento alugado, onde esperaram outros membros do grupo, e fugiram do país de avião antes que o crime fosse descoberto.
No apartamento, as obras foram encaixotadas e, dias depois, levadas para a Romênia numa van que cruzou o Eurotunel, que liga o Reino Unido à França sob o canal da Mancha.
Na cidade de Neamt, no nordeste país leste-europeu, um esconderijo subterrâneo de cimento já havia sido preparado numa chácara. Ali ficaram os livros, cuidadosamente embalados, até sua descoberta nesta semana.
A investigação reuniu cinco agências legais de diversos países, durou três anos, fez buscas em 45 endereços de três países e contou com sorte e ciência.
Os criminosos, diferentes famílias da máfia romena Clamparu, fazem parte de uma quadrilha especializada em furtos de objetos de alto valor em depósitos no Reino Unido, muitas vezes usando o mesmo método, segundo a polícia britânica.
Num dos casos, o grupo usou escadas e cordas para escalar um depósito e retirar pelo telhado aparelhos eletrônicos no valor de R$ 1 milhão. Dias depois, a polícia romena parou uma van onde encontrou 30 laptops sem nota fiscal.
Os ocupantes do furgão foram presos, e um fio de cabelo que havia escapado da limpeza do carro usado no furto dos livros e foi encontrado pela perícia grudado no encosto de cabeça ajudou a ligar os dois crimes.
A análise amostra de DNA do fio de cabelo identificou o suspeito e levou à prisão em 2019 de 15 pessoas no Reino Unido e na Romênia –eles estão ligados a pelo menos outros 11 furtos, cometidos entre 2016 e 2019, de valores que superam R$ 15 milhões.
Em janeiro deste ano, a força-tarefa formada pelas polícias do Reino Unido, da Itália e da Romênia, pela Europol e pela Eurojust (agência de cooperação europeia) chegou ao chefe da quadrilha, um cidadão romeno que foi detido em Torino (Itália).
Estão em julgamento no Reino Unido 13 suspeitos, dos quais 12 se declararam culpados e devem receber sentença no final deste mês, segundo a Eurojust. O 13º acusado deve ser julgado em março.
Os livros, que pertenciam a dois livreiros italianos e um alemão, serão agora enviados à Itália para a confirmação de autenticidade, segundo a agência europeia para cooperação em Justiça criminal.