SAÚDE

Polícia Civil do Paraná identifica autor de primeira ameaça de morte a diretores da Anvisa

Investigações seguem em andamento, segundo a corporação

Prédio da AnvisaPrédio da Anvisa - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Civil do Estado do Paraná (PCPR) identificou o homem que enviou, na sexta-feira da semana passada, a primeira ameaça de morte aos cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diante da possibilidade de aprovação de vacina contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. A corporação não revelou a identidade do autor, mas O GLOBO apurou que ele é um empresário, morador de Curitiba e tem 49 anos.

Segundo a instituição, o autor foi conduzido à PCPR, onde prestou depoimento na última quinta-feira. O homem não foi preso. Às autoridades, relatou estar arrependido de ter ameaçado, por e-mail, a equipe da Anvisa e também os secretários de Educação e de Saúde do Estado do Paraná. A corporação não deu detalhes da investigação, que segue em andamento.

Na mensagem, obtida pelo GLOBO com exclusividade, o remetente afirma que tirará o filho do colégio e o levará para o homeschooling se a Anvisa aprovasse. O ensino domiciliar é proibido no Brasil, mas há um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados.
 

O homem caracteriza a vacina erroneamente como “experimental” e como "ameaça à saúde e à integridade física" do filho. A afirmação, contudo, não se prova verdadeira, já que os imunizantes foram amplamente estudados e testados e a aprovação conta com critérios rigorosos. 

“Deixando bem claro para os responsáveis, de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho: (sic) será morto. Isto não é uma ameaça. Isto é um estabelecimento. Estou lhes notando por escrito porque não quero reclamações depois”, escreve, no e-mail.

Como O GLOBO revelou, a Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal (PFDF) instaurou inquérito para investigar a ameaça de morte pela Anvisa. A agência solicitou segurança à PF para os alvos das intimidações. Questionada pelo GLOBO, a corporação não respondeu se vai atender ao pleito. 

Na quinta-feira da semana passada, um dia antes de a ameaça ser divulgada, a Pfizer divulgou que pediria autorização de uso do imunizante para a faixa etária em novembro. A data ainda não foi definida. A solicitação segue o exemplo da que fez ao Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória dos Estados Unidos. 

Essa ameaça virtual foi endereçada ao diretor-presidente da Anvisa, almirante Antonio Barra Torres, e aos diretores Meiruze Sousa Freitas, Cristiane Rose Jourdan Gomes, Romison Rodrigues Mota e Alex Machado Campos. Além deles, também há menção à Secretaria de Educação do Paraná. O caso já foi reportado às autoridades.

"Diante da gravidade do fato, a Anvisa informa que oficiou imediatamente às autoridades policiais e o Ministério Público, nos âmbitos Federal, Estadual e Distrital, entre outras, para adoção das medidas cabíveis", diz a nota da Anvisa.

Além desse caso, um novo ataque virtual, ao qual O GLOBO teve acesso, foi divulgado na última quarta-feira. Dessa vez, a investida se estendeu também a servidores, diretores, funcionários terceirizados e familiares. Segundo a Anvisa, aparentemente os remetentes das duas ameaças são diferentes. 

No texto, o remetente escreve: “não aprovem vacinas para crianças menores de 12 anos ou o bixo (sic) vai pegar. Isso não é uma ameaça, é uma promessa! Não mexam com nossas crianças ou iremos atrás de cada um de vocês. (...) A resposta será fogo e fúria e não irão (sic) escapar ninguém”.

No dia seguinte, a pessoa que teria enviado a segunda mensagem entrou em contato com a diretoria da Anvisa. O e-mail apócrifo, também obtido pelo GLOBO, veio do mesmo endereço do qual a mensagem anterior havia sido enviada. Há trechos semelhantes nos dois textos. Dessa vez, porém, o autor afirmou que não teria ameaçado os diretores de morte, mas que prometia "infernizar a vida de cada um da Anvisa". O remetente xinga governadores e diz que no Brasil "temos políticos que são projetos de ditadores".

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter