Notícias

Polícia conclui que Caso Itambé foi homicídio

Jovem morreu após levar tiro de bala de borracha na virilha, à queima-roupa, de um policial, durante um protesto

Caso ItambéCaso Itambé - Foto: Cortesia

O policial que atirou no jovem Edvaldo da Silva Alves, de 19 anos, durante um protesto em Itambé, na Zona da Mata Norte, e o capitão que deu a ordem do disparo foram indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O inquérito da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) foi apresentado nesta sexta-feira (2) e concluiu que eles não possuíam treinamento adequado.

Os detalhes foram divulgados pelo delegado Pablo Tenório em coletiva de imprensa na manhã desta sexta. Após pesquisa técnica, foi concluído que o policial que atirou no jovem durante protesto por segurança, no último mês de março, não possuía treinamento para o uso do elastômero ou bala de borracha. O capitão que deu o comando do disparo também não tinha treinamento e responderá por abuso de autoridade. 

Segundo o delegado responsável pelo caso, foram realizados seis exames periciais, mais os complementares.“Quando se trata de uma ocorrência de bala de borracha, são levados em consideração vários fatores: distância, posição", declarou o delegado Pablo Tenório. A doutrina técnica aponta que a distância mínima para um tiro de bala de borracha é de 20 metros. No vídeo, é possível identificar que o tiro foi disparado a uma distância menor.

O policial Ivaldo Batista de Souza Júnior, de 33 anos, e o capitão Ramos Silva Cazé, de 43 anos, ainda estão atuando na polícia, mas não nas ruas. A Corregedoria julgará se eles serão afastados ou não. "Na investigação não houve o preenchimento de requisitos legais que apontassem uma prisão preventiva dos policiais" afirmou Pablo Tenório.

Em depoimento, ambos os indiciados afirmaram que fizeram uso dos disparos para conter a multidão e que não tinham a intenção de provocar feridas letais. Era a primeira vez que o policial Ivaldo Batista, em seis anos de serviço, fazia uso da elastômero e bala de borracha. Quando questionado sobre a agressão contra a vítima, o capitão Ramos afirmou que desferiu um tapa contra o jovem para contê-lo, pois ele parecia muito nervoso.

“A causa da morte estabelecida foi uma infecção generalizada, mas pode-se dizer que isso foi causado pelo tiro” afirma a gerente geral de polícia científica, Sandra Santos. “O inquérito foi muito complexo, pois a perícia precisava analisar elementos importantes no vídeo, como a distância do disparo. O trabalho dos legistas foi dificultado e por isso o resultado demorou tanto para ser liberado”, justifica ela.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar de Pernambuco informou que o capitão Ramon Cazé tem capacitação no curso Uso Progressivo da Força. Já o soldado Ivaldo Júnior, de acordo com a PM, tem na formação, quando no ingresso nas fileiras da Corporação, as disciplinas Direitos Humanos, Prevenção, Mediação e Resolução de Conflitos, Aspectos Jurídicos da Abordagem Policial e Uso Progressivo da Força.

Ainda segundo a assessoria da PM, o capitão Cazé responde ao Conselho de Justificação e o soldado Ivaldo ao Processo de Licenciamento. Esses policiais estão afastados da atividade-fim enquanto respondem aos processos administrativos. Em ambos os casos, a punição pode chegar, após respeitadas todas as etapas do procedimento legal, à expulsão da corporação. A PMPE, ainda na nota, lamentou o ocorrido.

Veja o vídeo do momento em que Edvaldo foi baleado:



Entenda o caso
Um policial atirou com bala de borracha, à queima-roupa, na virilha do jovem Edvaldo da Silva Alves, de 19 anos, durante manifestação na rodovia PE-75 por segurança em Itambé. Edvaldo chegou a ser hospitalizado, mas faleceu no dia 11 de abril. Após o ocorrido, o irmão de Edvaldo sofreu ameaças de morte.

Foram abertos dois inquéritos - um policial e outro militar -, além de um processo administrativo pela corregedoria geral da Secretaria de Defesa Social. Os policiais envolvidos prestaram suas declarações à polícia e foram afastados das ruas, estando responsáveis apenas por atividades burocráticas.

Leia mais:

Morre jovem baleado por PM durante protesto em Itambé
Paulo Câmara: "A vida do rapaz a gente não pode trazer de volta"
Caso Itambé: irmão da vítima sofre ameaça de morte
Multidão acompanha enterro de jovem morto por PM em Itambé
Comissão de Cidadania e Direitos Humanos pede celeridade no Caso Itambé
Caso Itambé: ato público cobra punição aos culpados pela morte de jovem
Pais de Mirella e Edvaldo vão a ato contra violência em PE 

Veja também

Surto recente de febre Oropouche foi causado por nova linhagem viral
FEBRE OROPOUCHE

Surto recente de febre Oropouche foi causado por nova linhagem viral

ONU: mais de 50 mil pessoas fugiram do Líbano para Síria por bombardeios israelenses
GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

ONU: mais de 50 mil pessoas fugiram do Líbano para Síria por bombardeios israelenses

Newsletter