ARGENTINA

Polícia da Argentina prende 4 suspeitos de morte de investidor de criptomoedas encontrado em mala

Fernando Pérez Algaba tinha dívidas e havia perdido muito dinheiro com seus aportes

Fernando Pérez Algaba, de 41 anos, era investidor de criptomoedas Fernando Pérez Algaba, de 41 anos, era investidor de criptomoedas  - Foto: Divulgação

A polícia da Argentina deteve quatro suspeitos por suposta participação no assassinato de Fernando Pérez Algaba, 41 anos, morto com dois tiros na periferia oeste de Buenos Aires e cujo corpo, esquartejado, foi encontrado em Lomas de Zamora, em julho.

Fernando Gastón Carrizo, Luis Alberto Contreras e Matías Ezequiel Gil foram presos. Pouco tempo depois, e uma vez constatado que havia possíveis manchas de sangue em seu carro e um anel que poderia ser da vítima, Flávia Lorena Bomrad também foi detida.

Todos são acusados de homicídio qualificado pelo crime ter sido cometido com uso de arma, com traição, ganância e colaboração premeditada de várias pessoas. Pilepich, Vargas, Contreras e Bomrad também foram indiciados pelo crime de falso testemunho, informaram fontes judiciais qualificadas ao "La Nación".

Outros dois suspeitos, Maximiliano Pilepich e Nahuel Vargas, as duas pessoas que se reuniram com a vítima antes de seu desaparecimento, também são alvos de mandado de prisão. Em 18 de julho ele conheceu Vargas e Pilepich em um campo em General Rodríguez onde eles realizavam um empreendimento imobiliário. Quando os agora réus depuseram como testemunhas, eles disseram que Pilepich deu a Algaba 60 mil pesos para encerrar uma dívida que tinha com ele.

Naquela data, o proprietário do apartamento alugado pelo homem na capital argentina buscou as autoridades e disse não conseguir localizar Algaba. No domingo, a polícia de Buenos Aires descobriu seus braços e pernas em uma mala abandonada em um riacho na cidade de Ingeniero Budge. Nesta quarta-feira, o torso e a cabeça do homem foram encontrados após mais buscas no local.
 

O desaparecimento do empresário foi informado pelo proprietário do apartamento que Pérez Algaba havia alugado temporariamente para ele em Ituzaingó, entre 12 e 19 de julho. Quando ela não respondeu às suas repetidas mensagens, ela foi à polícia. O corpo esquartejado da vítima foi jogado no córrego Rey, em Ingeniero Budge.

Para o promotor de Lomas de Zamora, Marcelo Domínguez, responsável pela investigação, a ganância foi a motivação do crime. Segundo ele, "houve crédito da vítima para com Pilepich" e que o crime foi cometido após a assinatura de um documento de confissão de dívida em cartório, sendo também que a referida dívida já se baseava numa anterior que foi compensada com a posterior confissão de dívida. "Em vez de ser honrada por Pilepich, ele optou pelo desfecho da homicídio da vítima", afirmou.

Segundo a promotoria, Maximiliano Pilepich, Nahuel Vargas, Matías Gil, Luis Contreras, Alma Nicol Chamorro, Horacio Córdoba, Flavia Lorena Bomrad e Fernando Carrizo, "tendo agido premeditadamente e com divisão prévia de tarefas e com o uso de armas de fogo, provocaram dois ferimentos nas costas de Pérez Algaba que ocasionaram sua morte, tendo agido de acordo com a correspondente traição, valendo-se do estado de indefesa em que se encontrava a vítima ao ser baleada nas costas e por ganância". De acordo com o promotor, a vítima denunciou um ilegítimo retorno econômico em meio às dívidas dos suspeitos.

Pérez Algaba, apelidado de Lechuga, tinha quase um milhão de seguidores no Instagram, onde promovia aluguel de veículos de luxo e investimentos em criptomoedas.

Em março passado, Pérez Algaba havia sido entrevistado por vários portais de notícias que divulgaram sua história como a do migrante que deixa um país em crise para ter sucesso no exterior. Eles o definiram como um trader de ativos financeiros, que fez fortuna em Miami dedicando-se ao aluguel de carros de luxo.

— Comecei a trabalhar com 14 anos. Comecei com uma bicicleta e uma caixa e comecei a vender sanduíches —, disse Pérez Algaba.

Ele afirmava ainda ter dedicado sua vida a fazer o seus negócios crescerem. Na adolescência, entregava pizzas e vendia sorvete em Buenos Aires. Aos 17 anos, emancipou-se para coordenar viagens de alunos do ensino médio na cidade de Bariloche. Oito anos depois, começou a dedicar-se à venda de carros, depois de vender a moto que tinha comprado.

Nas redes sociais, Pérez Algaba ostentava uma vida de carros de luxo, viagens pela Europa e dois buldogues franceses. Ela tinha quase 920 mil seguidores no Instagram, mas poucos comentários de amigos.

Mas a história de Algaba não era apenas isso. Segundo a agência Télam, ele acumulou dívidas com o fisco argentino, que as classificou como "irrecuperáveis". Já sua empresa, Motors Lettuce S.R.L., começou a emitir cheques sem fundos 10 meses após sua constituição em janeiro de 2018. Segundo fontes judiciais citadas pelo jornal La Nación, Pérez Algaba havia deixado uma nota escrita em seu celular explicando que havia perdido muito dinheiro investido em um negócio de criptomoeda.

Ele também havia trocado ameaças com o filho de um dos principais dirigentes da barra brava do Boca Juniors, que exigia um empréstimo de US$ 40 mil. Algaba havia enviado uma longa mensagem em que explicava sua situação a alguns contatos. “Se algo acontecer comigo, todos já estão avisados”, escreveu. Pérez Algaba disse que tinha outras quatro testemunhas que também foram ameaçadas.

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