Polícia inglesa é investigada por racismo
Um estudo mostrou que os negros no Reino Unido tinham oito vezes mais chances de serem detidos e revistados do que os brancos
O organismo de controle das forças policiais na Inglaterra e no País de Gales anunciou, nesta sexta-feira (10), que abrirá uma investigação após alegações de que seus policiais agem por preconceito racial na hora de prender e revistar suspeitos. A investigação, que começará nos próximos meses, vai-se concentrar, inicialmente, no uso da força e nas práticas de detenção e revista, informou o Escritório Independente sobre Conduta Policial (IOPC).
Após a onda de protestos antirracismo deflagrada pela morte nos Estados Unidos de George Floyd, um homem negro desarmado e asfixiado por um policial branco, cresceu a atenção no Reino Unido em relação às atitudes da polícia no que diz respeito às minorias étnicas.
A chefe da polícia metropolitana de Londres, Cressida Dick, pediu desculpas esta semana à velocista britânica Bianca Williams pela "angústia" causada quando ela e seu companheiro, ambos negros, foram detidos pela polícia sem motivo aparente.
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"O uso desproporcional dos poderes policiais é, há muito tempo, uma preocupação que repercute na confiança na polícia, em particular nas comunidades BAME", um acrônimo usado no Reino Unido para se referir a "negros, asiáticos e outras etnias minoritárias", disse o diretor-geral da IOPC, Michael Lockwood.
"Ainda precisamos entender melhor as causas e o que pode e deve ser feito para abordar isso", acrescentou Lockwood, citado em um comunicado. De acordo com um estudo de 2018 da associação Release e da London School of Economics, os negros no Reino Unido tinham oito vezes mais chances de serem detidos e revistados do que os brancos.