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RIO DE JANEIRO

Polícia investiga caso de influencers que deram banana e macaco de pelúcia para crianças negras

Nancy Gonçalves e Kérollen Cunha são mãe e filha com 13 milhões no Tiktok

Influencer grava dando banana e macaco de pelúcia com crianças negrasInfluencer grava dando banana e macaco de pelúcia com crianças negras - Foto: Reprodução

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou procedimento para investigar o caso das influenciadoras que gravaram um vídeo entregaram uma banana e um macaco de pelúcia para crianças negras. Os vídeos que circulam nas redes sociais são da influencer Kérollen Cunha, que tem um canal no qual publica vídeos junto com a filha, Nancy Gonçalves.

De acordo com a Polícia Civil do Rio, os vídeos serão analisados, e diligências estão em andamento para identificar os envolvidos e apurar os fatos. Não há informações sobre o local e a data exatos dos registros, o que também vai ser apurado pela polícia. Mãe e filha são do Rio de Janeiro.

A especialista em Direito antidiscriminatório Fayda Belo denunciou as duas influencers, nesta terça-feira. A advogada afirma que o vídeo apresenta o chamado “racismo recreativo”, que ocorre quando alguém usa de “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”.

Nas imagens, Kérollen conversa com um menino negro em uma calçada e questiona se ele gostaria de receber um presente ou R$ 10. Ele opta pelo presente, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde “só isso?”, afirma que não gostou e deixa o vídeo da influencer. Em outro registro, ela aborda uma menina na rua e faz uma proposta similar, oferecendo a opção de a criança escolher entre R$ 5 ou uma caixa. A criança opta pelo “presente”, recebe das mãos da influencer e abre, vendo se tratar de um macaco de pelúcia. Aparentando ter ficado feliz, ela abraça o brinquedo e agradece a influencer.

A advogada Fayda Belo explica que os vídeos também violaram o Estatuto da Criança e do Adolescente ao expor as crianças.

— Você pode receber uma pena de até quase oito anos de cadeia [...]. O artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que é inviolável a integridade moral do menor, bem como a sua imagem deve ser preservada. [...] O [artigo] 18 diz que é proibido expor menores de idade a constrangimento, a vexame, a humilhação, a ridicularização em público — destaca Fayda.

Procuradas pela reportagem, as influencers não responderam aos contatos. Após a repercussão do caso, a conta delas no Instagram impediu que novos comentários fossem feitos nas publicações. Desde a repercussão dos vídeos, a conta da dupla no Instagram publicou apenas um story, no qual está escrito o versículo bíblico Isaías 43:25: "Mas sou eu, eu mesmo, que apago os seus pecados por amor de mim, e que nunca mais se lembra deles".

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