RIO DE JANEIRO

Polícia investiga se incêndio em garagem de ônibus em Petrópolis foi criminoso

Funcionários prestarão depoimento na tarde desta terça-feira na 105ª DP (Petrópolis), que cuida do caso

As chamas na garagem das empresas Petro Ita CascatinhaAs chamas na garagem das empresas Petro Ita Cascatinha - Foto: Reprodução/ Twitter

A Polícia Civil investiga se o incêndio que destruiu 90 ônibus das empresas Cascatinha e Petro Ita, que prestam serviço na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, foi causado por ato criminoso. A investigação está sendo feita pela 105ª DP (Petrópolis), que realizou a perícia no fim da manhã, e que começa a ouvir os funcionários nesta tarde. O caso aconteceu na madrugada desta terça-feira.

Informações iniciais da polícia são de que os veículos não tinham seguro, o que pode indicar que o incêndio não tenha sido provocado para que fosse aplicado um golpe.

Endividadas, as empresas aparecem no site de consultas da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional como detentoras de dívidas milionárias: a Cascatinha deve R$ 59,156 milhões, enquanto a Petro Ita chega à dívida de R$ 111,557 milhões. O problema atinge até os funcionários, que confirmaram ao Globo o atraso de salários. Até o momento, a reportagem não conseguiu contatar as empresas.

Em março deste ano, uma operação da Polícia Civil com o Ministério Público cumpriu mandados de busca e apreensão para apurar fraude na licitação dos transportes da cidade, que teria tirado da Cascatinha algumas linhas de ônibus, que passaram a ser operadas pela empresa Cidade das Hortênsias.

À época, as buscas incluíram a casa do prefeito Rubens Bomtempo, de outras quatro pessoas e a sede de três empresas. A investigação teve início a partir de outro inquérito, da 105ª DP (Petrópolis), sobre um suposto esquema de corrupção, dispensa irregular de licitação e desvio de recursos na Companhia Petropolitana de trânsito (CPTrans) que teria começado após a tragédia da chuva em Petrópolis, que deixou mais de 200 pessoas mortas em fevereiro de 2022.

Agentes fazem perícia
Por volta das 10h30, agentes da Polícia Civil chegaram em três viaturas para iniciar a perícia. Segundo eles, nenhuma hipótese para o que possa ter ocasionado o incêndio está descartada.

Enquanto os policiais entravam no terreno, funcionários tinham dificuldade para descrever o que viram quando chegaram para trabalhar.

Aos 64 anos, Sérgio Antônio Leal viveu 35 deles como funcionário da Petro Ita. Inspetor de tráfego, ele conta que se juntou aos colegas para chorar no início da manhã desta terça-feira:

— Não vi um não, vi trinta motoristas chorando. Teve motorista que nem quis trabalhar só de ver o estado da garagem. Eu ainda não acordei, mas a gente fica na expectativa que vai sair dessa. Chorei muito no meio-fio e minha neta me abraçou. Continuarei chorando, não é vergonha.

Alguns motoristas também aguardavam na porta da empresa, uniformizados, esperando para saber se teria algum carro para trabalhar.

Um deles é Carlos Ferreira, de 57 anos, efetivo da linha 516 (Roseiral x Centro), da viação Cascatinha, que resumiu a seu sentimento de tristeza:

— Criei meus filhos aqui dentro, são 38 anos na empresa. É muito difícil.

Reforço da Baixada
Nas ruas, além dos veículos remanescentes das empresas afetadas pelo incêndio, ônibus da Master Transportes, sediada em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, subiram a serra para reforçar o efetivo nas ruas de Petrópolis. A empresa é do mesmo grupo empresarial que a Petro Ita e Cascatinha. Até o momento, não foi confirmado o tamanho dessa frota extra.

As empresas afetadas pelo incêndio são responsáveis por 40% das linhas de ônibus da Cidade Imperial, segundo a prefeitura de Petrópolis, que autorizou o Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro) "a buscar todos os meios necessários para garantir o atendimento à população".

Em nota, o município também informa que "irá acionar o Ministério Público, para que haja rigorosa apuração sobre as causas do ocorrido".

Já o Setranspetro observou que, ao todo, 50 linhas de ônibus operam com horários emergenciais. Segundo o sindicato, ainda não foi possível calcular os prejuízos e danos.

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