Investigação

Polícia prende grupo acusado de pôr explosivos em filhos de gerentes de banco para realizar roubos

Segundo a PCPE, os suspeitos praticavam extorsão mediante sequestro e agiam com extrema violência

Delegado Álvaro Grako deu detalhes sobre as investigaçõesDelegado Álvaro Grako deu detalhes sobre as investigações - Foto: Júnior Soares/Folha de Pernambuco

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) deu detalhes, nesta segunda-feira (17), da prisão de uma quadrilha acusada de efetuar crimes contra instituições financeiras. Segundo a corporação, os suspeitos agiam com violência, realizando furtos e roubos a banco, além de extorsão mediante sequestro. 

Uma das práticas utilizadas pelo grupo era sequestrar gerentes de banco e seus familiares. Eles mantinham a família em cativeiro por uma noite e amarravam explosivos nos filhos ou parentes dos gerentes, como forma de pressioná-los para que sacassem uma quantia pré-determinada nas instituições financeiras. 

O profissional era liberado para ir ao trabalho no dia seguinte, e a família permanecia em cativeiro. Após o gerente bancário conseguir o dinheiro, os criminosos indicavam um caminho que a vítima precisaria seguir para, então, pagar o resgate e liberar a família.

As investigações foram conduzidas em duas operações: Sutor e Shoes Off. Os nomes - em suas traduções - fazem alusão ao termo “sapatinho”, jargão utilizado pela polícia para indicar crimes em bancos. Ao menos sete crimes de extorsão mediante sequestro são atribuídos ao grupo.

“Eles faziam vigilância no gerente da instituição financeira ou no tesoureiro e, em seguida, monitoravam o seu dia a dia e o dia a dia também de seus familiares. E aí e no dia que se decidia por em prática o crime, fazia-se o arrebatamento da vítima e de seus familiares. Quando da chegada da vítima em sua residência, era utilizado um bloqueador de sinal de controle remoto para que a vítima não conseguisse fechar o portão de sua residência. Em seguida, se adentrava a residência da vítima e seus familiares e se determinava que se juntasse uma certa quantidade de roupas para que se pudesse virar na noite”, explicou o delegado Álvaro Grako, responsável pela Operação Sutor.

Após a coleta das roupas, as vítimas eram levadas para o carro e depois eram transferidas para outro automóvel, que ia em direção ao local do cativeiro. “As vítimas eram conduzidas até um local onde era feita a troca de veículo e aí, a partir da troca do veículo, eles seguiam com as vítimas até o cativeiro. No cativeiro, passavam a noite e [os criminosos] se utilizavam de artefatos explosivos, bananas de dinamite, em que eles envolviam os filhos das vítimas ou a esposa da vítima, para poder forçar a pagar o resgate”, detalhou Grako. 

“Em seguida, ao amanhecer do dia, determinavam que a vítima voltasse e pegasse o seu veículo e faziam com que ela voltasse normalmente até o seu local de trabalho e lá fizesse o saque de uma quantia pré-determinada por eles para que em seguida na saída da instituição financeira fosse feito o pagamento do resgate”, continuou. 

De acordo com a PCPE, foram cumpridos, na última sexta-feira (14), 12 mandados de prisão e 17 de busca e apreensão domiciliar, além de bloqueio de ativos financeiros e arresto [apreensão] de bens móveis. Um suspeito encontra-se foragido.

A quadrilha agia desde 2019, com crimes ocorridos, por exemplo, nas cidades de Garanhuns, Caruaru, Lagoa dos Gatos, Gravatá, Belo Jardim, Carpina e São Bento do Una. O líder do grupo foi preso em São Paulo.

Segundo as investigações, dois irmãos oriundos do estado do Maranhão estão entre os criminosos e atuavam diretamente no sequestro das vítimas. Um deles foi preso e o outro segue procurado pela polícia. 

“Eles apareceram na investigação como sendo pessoas responsáveis diretamente pelo arrebatamento das vítimas. No nosso caso, o investigado por nós teve por vítima a gerente do Banco do Nordeste de Garanhuns”, comentou o delegado Rodolfo Cartaxo, responsável pela Operação Shoes Off.

De acordo com o delegado, os suspeitos têm uma ficha criminal extensa. “É um histórico bastante vasto de envolvimento em crimes violentos, como roubos a banco, roubos a agências dos Correios, porte ilegal de arma, diversos crimes no estado do Maranhão, no estado do Tocantins. Nós conseguimos localizar um desses irmãos, que estava baseado na cidade do Conde, na Paraíba, e foi feita a sua recaptura”, acrescentou.

Com a Operação Sutor, a Polícia Civil de Pernambuco alcançou a marca de 700 Operações de Repressão Qualificadas realizadas, com ações de combate às associações e organizações criminosas em quase todos os estados do Brasil. Segundo a PCPE, o balanço inclui mais de 8 mil presos e 3.212 mandados de busca e apreensão cumpridos. 

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