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Sudão

Polícia usa gás lacrimogêneo contra manifestantes antigolpistas no Sudão

As redes sociais estão há dias repletas de convocações para uma manifestação em 6 de abril contra o golpe

Dia de protestos após golpe de Estado no SudãoDia de protestos após golpe de Estado no Sudão - Foto: AFP

A policía sudanesa lançou, nesta quarta-feira (6), gás lacrimogêneo para dispersar protestos contra o golpe militar de outubro passado, em manifestações convocadas devido ao aniversário das manifestações que, nas últimas décadas, provocaram a queda de dois presidentes golpistas.

Milhares de manifestantes participam de protestos tanto na costa leste como em Darfur, uma região ocidental devastada pelas guerras, aos gritos de "Não ao poder militar" e "O povo elegeu civis", informaram testemunhas à AFP.

Na capital, Cartum, em pleno mês de jejum muçulmano do Ramadã, o governo decretou feriado e a manifestação era pequena no início da tarde.

Ainda assim, a polícia lançou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, segundo as testemunha.

Um sindicato de médicos pró-democracia apontou que as forças de segurança "tomaram à força o hospital Al Jawda", recorrendo também ao gás lacrimogêneo que "provocou problemas respiratórios em médicos e pacientes".

As redes sociais estão há dias repletas de convocações para uma manifestação em 6 de abril contra o golpe que, em 25 de outubro de 2021, colocou o general Abdel al Burhan no poder.

O anúncio menciona a "tempestade" ou um "terremoto" como os de 1985 e 2019, em um país imerso em uma grave crise política e econômica.

Em 6 de abril de 1985, uma rebelião popular derrubou o presidente Yaatar al Numeiry, após anos de um governo muito duro.

Em 2019, uma manifestação em massa do lado de fora do quartel-general militar em Cartum culminou meses de protestos contra o ditador Omar al Bashir, deposto apenas cinco dias depois, após três décadas no poder. 

O golpe do ano passado encerrou um frágil acordo de compartilhamento de poder civil-militar após a queda de Bashir, levando a um governo inteiramente civil e eleições livres em 2023.

Desde então, os manifestantes pró-democracia tomaram várias vezes as ruas em protestos que deixaram 93 mortos e centenas de feridos, segundo associações médicas.

"É um dia importante (...). Esperamos que muita gente tome as ruas, apesar do calor e do Ramadã", disse Badwi Bashir, um manifestante em Cartum. "Só queremos acabar com o golpe e com a perspectiva de futuros golpes".

Yaafar Hasan, porta-voz das Forças de Liberdade e Mudança (aliança civil que reúne os representantes revogados pelo golpe de outubro), assegurou que abril é "o mês das vitórias para os sudaneses".

Desde que assumiram o poder, os líderes militares reforçaram o controle do país, prendendo líderes civis proeminentes e revogando cargos atribuídos durante a transição. 

No sábado, Burhan disse que apenas "entregaria o poder a uma autoridade honesta e eleita, aceita por todo o povo sudanês".

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