Polícia vai à casa de Gabriel Monteiro em busca de celulares e arma que teria sido usada em estupro
De acordo com as investigações, ex-vereador teria ameaçado e agredido vítima com uma pistola, após uma festa em casa noturna na Barra da Tijuca, em junho
Policiais da 42ª DP (Recreio) cumprem, na manhã desta terça-feira (8), um mandado de busca e apreensão na casa do ex-vereador Gabriel Monteiro, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na Zona Oeste Rio. A ação foi deferida pelo juiz Rudi Baldi Loewenkron, da 34ª Vara Criminal, que também decretou a prisão preventiva do ex-vereador. Objetivo é localizar celulares e uma arma que teria sido utilizada durante o estupro pelo qual ele é acusado. De acordo com as investigações, o crime teria sido cometido após uma festa em casa noturna no mesmo bairro, em junho.
Segundo a decisão do magistrado à qual O GLOBO teve acesso, deverão ser apreendidos os aparelhos telefônicos de Gabriel Monteiro para identificar todos os envolvidos na suposta coação de testemunhas, como seus antigos seguranças, e em outros crimes conexos. Rudi Baldi também concedeu o afastamento o sigilo dos dados dos celulares para que os agentes tenham acesso às mensagens armazenadas em aplicativos como WhatsApp, Telegram e Messenger, agenda, emails enviados e recebidos, SMS, além do conteúdo de fotos, vídeos e arquivos de textos.
"A apreensão dos celulares, com a devida perícia, é importantíssima para o desenrolar das investigações, no sentido da busca de elementos necessários para instruir o inquérito que apura o estupro e ainda outros crimes porventura praticados pelo ex-vereador" explicou o delegado Luis Mauricio Armond, titular da 42ª DP.
Leia também
• Gabriel Monteiro: ex-vereador é transferido para presídio no Rio
• Gabriel Monteiro "usou a arma como um brinquedo", diz delegado sobre investigação de estupro
• Mulher que acusa Gabriel Monteiro de estupro conta que recebeu tapa no rosto
Gabriel Monteiro se apresentou, no fim da tarde desta segunda-feira, na 77ª DP (Icaraí), após ter conhecimento da decretação da prisão preventiva. O inquérito apontou que o ex-parlamentar conheceu a vítima na reinauguração de uma boate e a levou para a casa de um amigo no bairro do Joá, onde teria forçado a mulher a manter relações sexuais sem preservativo e teria lhe transmitido HPV.
Na delegacia, a vítima contou que o início do relacionamento foi consensual, mas terminou em violência. Após se beijarem e trocarem carícias na casa noturna, os dois seguiram em um carro com cinco seguranças e uma amiga da jovem. Ainda no veículo, ele sacou uma arma da cintura e entregou para a amiga da mulher, que, assustada, a devolveu. Ao entrarem no quarto, ainda com a porta destrancada, o ex-vereador foi ao banheiro. Na volta, ao ver que a mulher tentava deixar o cômodo, trancou a porta e tirou a arma da cintura.
Segundo a denúncia assinada pelo promotor Marcos Kac, Gabriel Monteiro "trancou a porta do quarto, retirou a arma da cintura, passou no rosto da vítima, constrangendo-a com o fim de ter conjunção carnal, e começou a rir. Em ato contínuo, pegou o telefone celular, para gravar que fatos se sucederiam, contudo, o aparelho estava sem bateria", relata o documento.
Em seguida, o youtuber "foi para cima da vítima" para despi-la de forma violenta. Ela, então, teria dito que tiraria a própria roupa. Com a mulher nua, o ex-vereador "a empurrou de forma violenta sobre a cama e começou a ter relação sexual de forma também violenta, sem usar preservativo, mesmo após os apelos da vítima para que ele não mantivesse relação sem camisinha". Durante o estupro, com a mulher chorando muito e imobilizada por ele - que segurava os dois braços dela pelos pulsos -, o ex-parlamentar passou a fazer perguntas: "É minha?", "Você está gostando?" e "Se eu pedir para você ficar com um dos meus seguranças na minha frente, você ficaria?".
A denúncia do Ministério Público narra que, a cada pergunta, respondendo ou não, a mulher recebia um forte tapa no rosto. Ao dizer que não ficaria com o segurança, a vítima, após apanhar de Gabriel, foi questionada novamente, respondendo sim, por medo. Mesmo assim, "recebeu um tapa mais forte, tendo o denunciado dito na sequência: 'Você não tem personalidade'."
Em depoimento, a jovem também contou que tentou, em vão, soltar as mãos para proteger sua região genital. Aos prantos e sendo xingada, ela ainda ouviu do ex-vereador: "Se você continuar assim, vai ser pior, eu vou lhe espancar". Quando parou de tentar se defender, relata ela, Gabriel Monteiro começou a falar de assuntos desconexos, como da máfia de reboque e de outros temas sem muito sentido. A vítima teria esperado o ex-vereador dormir para conseguir deixar o local. Exames médicos mostraram que ela sofreu lesões e fissuras na região genital, tendo contraído HPV.