Policiais são presos suspeitos de cobrança de propinas de comerciantes e desvio de cargas no Recife
O grupo alegava que cargas legais eram irregulares, cobravam propina e apreendiam os produtos para revenda
Quatro policiais civis foram presos, na última terça-feira (24), por suspeita de cobranças de propinas e desvio de cargas no Recife.
De acordo com a Polícia Civil, três agentes e um delegado vinculados, à época do crime, à Delegacia de Água Fria, na Zona Norte da capital pernambucana, são apontados como os responsáveis por abordagens irregulares a cargas de cigarros em 2016. A operação foi batizada de Espórtula.
A investigação aponta que o grupo alegava que cargas legais eram irregulares, cobravam propina e apreendiam os produtos para revenda.
Segundo a corporação, as investigações tiveram início em maio de 2016, quando um dos comerciantes abordados pelo grupo denunciou o esquema.
“Os agentes selecionavam a dedo as vítimas, as perseguiam e confiscavam as cargas sabendo que ali havia uma quantia expressiva de dinheiro. Eles usavam o falso pretexto de que os produtos irregulares e, depois, os revendiam”, explicou o delegado Jorge Pinto, responsável pela condução da Operação Espórtula.
“Esses agentes públicos lucravam duas vezes, porque além da revenda das cargas subtraídas, as vítimas eram encaminhadas à delegacia [de Água Fria], onde eram constrangidas a pagar propina como forma de se evitar uma suposta prisão em flagrante”, completou o delegado.
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Além das propinas e dos desvios de cargas, a investigação aponta que itens pessoais de comerciantes foram desviados em abordagens policiais.
“O foco deles era a apreensão de caixas de cigarros, que era algo mais rentável; mas há registros de abordagens a veículos nas quais houve apreensões irregulares de bolsas, perfumes e dinheiro em espécie”, disse Jorge Pinto.
Atualmente, três dos envolvidos estão aposentados do exercício policial. Outro, que já estava preso, foi afastado da corporação por ser investigado pela prática de um homicídio.
Todos os alvos foram encaminhados ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), localizado em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.
Segundo a Polícia Civil, os suspeitos responderão pelos crimes de organização criminosa, roubo, abuso de autoridade e concussão. As penas máximas podem chegar a 30 anos de reclusão.