Rio de Janeiro

Policiais do Bope são investigados por executar suspeitos rendidos no Complexo de Israel, no Rio

Armas usadas pelos policiais militares foram apreendidas e encaminhadas para perícia. Delegacia de Homicídios da Capital investiga as circunstâncias das mortes

Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio de JaneiroBatalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro - Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Uma equipe do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvida em três autos de resistência durante uma operação da PM, na última quarta-feira, no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital e pela Corregedoria da Polícia Militar. As armas dos policiais militares foram apreendidas e segundo a polícia, testemunhas já foram ouvidas e laudos periciais serão analisados.

O caso foi revelado pelo RJTV 2ª edição, da TV Globo. Segundo denúncias, os suspeitos foram mortos depois de já terem se rendido. Os investigadores analisam imagens da ação. O caso aconteceu minutos antes de um policial militar ser baleado e morrer no interior do Caveirão.

Pelo menos dois policiais militares já prestaram depoimento. Segundo a TV Globo, eles disseram que houve uma intensa troca de tiros na rua São Bento, em Parada de Lucas. Os PMs contaram ainda que viram cinco bandidos correndo e entrando numa casa no final da rua. Ainda segundo os agentes, ao se aproximarem, houve confronto do lado de fora e dentro do imóvel. Na sequência, os três bandidos teriam sido encontrados mortos.

De acordo com os PMs, outros dois suspeitos abandonaram as armas e pularam o muro de uma casa, onde tentaram se esconder, mas acabaram presos. Eles foram identificados como Hiran da Glória e Breno Pereira de Oliveira Araújo.

Imagens que circulam nas redes sociais contrariam a versão apresentada pelos PMs. Fotos de vídeos de uma câmera de segurança mostram a entrada dos policiais numa casa, no interior da favela, exatamente às 7h32. Três minutos depois, um homem preto, de cabelo curto, é deixado no chão da sala.

Segundo testemunhas, ouvidas pelo RJ2, ele é Gladson William Gonçalves de Oliveira, e está com as mãos amarradas.

Às 7h38, outro suspeito é colocado no chão da sala. O RJ2 apurou que ele é Anderson Cauã Gadelha Morais. Também está amarrado com as mãos para trás. A última imagem dos dois suspeitos rendidos com policiais na sala é às 7h55.

Todos os flagrantes foram registrados após a morte do sargento Leonardo Maciel da Rocha, atingido por um tiro na cabeça dentro do blindado da PM.

As equipes da TV Globo registraram a chegada do sargento ao Hospital Getúlio Vargas, às 7h05.

As imagens das câmeras de segurança da casa, que fica no interior da favela, não mostram sangue no chão ou nas paredes. Testemunhas disseram que os dois suspeitos foram mortos num corredor estreito nos fundos do imóvel.

Equipes da TV Globo flagraram a chegada de agentes do Bope com três corpos no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, três horas depois do registro feito pela câmera de vigilância do imóvel.

Às 10h52, os policiais deixam um corpo enrolado numa manta nas cores vermelha e branca. É o de Anderson Cauã Gadelha. Logo depois, sai do blindado o corpo de um homem preto, de calça preta com faixa rosa. É o de Gladson William Gonçalves.

Numa foto, no necrotério do hospital, o corpo de Gladson aparece com a mesma roupa e com uma perfuração no meio do peito. Horas antes, já rendido, ele estava ora em pé, ora sentado, sem qualquer sinal de ferimento.

A casa no interior da comunidade ainda não foi periciada. E os PMs também não preservaram o local onde teria ocorrido o suposto confronto. A polícia aguarda agora o laudo de necropsia para entender as circunstâncias das mortes dos suspeitos.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que o comando do Batalhão de Operações Policiais Especiais instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias dos fatos e ouvir os militares. O Inquérito Policial Militar (IPM) tramita paralelamente às investigações da Polícia Civil. Ambos os procedimentos são acompanhados pela Corregedoria da Polícia Militar.

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