Policiais recebem treinamento para humanização no atendimento às mulheres vítimas de violência
Encontro acontece no auditório da Secretaria de Defesa Social, em Santo Amaro, e vai até às 17h
Agentes policiais participam de um curso de tratamento humanizado às mulheres vítimas de violência, nesta sexta-feira (27). A Missão Acolhimento se deu início às 8h e vai até às 17h, no auditório da Secretaria de Defesa Social, em Santo Amaro, no centro do Recife.
A ação é fruto das escutas realizadas no programa Ouvir Para Mudar, do Governo de Pernambuco, que percorreu diversas cidades para saber as demandas da população.
No encontro, que é uma integração da SDS e da Secretaria da Mulher, 27 policiais civis e 48 militares, que atuam na Região Metropolitana do Recife, vão receber a capacitação que conta com disciplinas que vão desde conhecimento teórico até instruções práticas, para auxiliar na atuação.
A ideia da reunião parte do princípio de que toda mulher deve receber atendimento humanizado, em um ambiente acolhedor, onde lhe sejam assegurados respeito e proteção. Outra intenção é que essa pessoa possa procurar qualquer tipo de delegacia, e não somente as especializadas.
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Compuseram a mesa para iniciação do curso a secretária da Mulher, Mariana Melo; a chefe da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), Simone Aguiar; o comandante geral da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Tibério Cesar dos Santos, e a corregedora da SDS, Mariana Cavalcanti.
Segundo Mariana Melo, que lidera a pasta local que defende as políticas públicas de proteção à mulher, esse curso de aperfeiçoamento vai propor aos agentes acesso a conteúdos do atendimento humanizado e as táticas para procedimentos operacionais das forças de segurança.
"É importante ressaltar que são pessoas que já praticam esse atendimento no dia a dia. Então, a aprendizagem e aplicação acontecem com caráter particular em cada atendimento desses policiais", explica ela.
A cidade do Recife foi escolhida como pioneira no projeto local por causa da quantidade de ocorrências sobre violência contra a mulher, mas o aperfeiçoamento vai ser expandido.
"A gente tem plano para a expansão, para outras regiões. O projeto inicial começou aqui na capital, porque nós temos um ranking, divulgado pela própria SDS, que indica que o Recife é a cidade que tem a maior taxa de violência contra a mulher. Nós vamos alcançar todas as 12 regiões de desenvolvimento desse Estado, porque essa demanda foi uma das mais apresentadas pela sociedade", complementou a secretária.
Chefe da Polícia Civil de Pernambuco, a delegada especial Simone Aguiar, conta que este é um momento histórico e representativo para a corporação. Ela, que é a segunda mulher chefe da PCPE nos seus 206 anos de existência, comemora que, agora, o atendimento humanizado vai ser praticado por mais policiais.
"Essa especialização garante que as mulheres não vão precisar procurar apenas as delegacias especializadas. Elas poderão pedir socorro a qualquer policial, porque esse conhecimento vai ser multiplicado. A integração das polícias Militar, Civil, SDS e a Secretaria da Mulher permite a construção de pautas que busquem o acolhimento e encorajem a mulher a enfrentar o medo que cala ela e faz com que ela seja ainda mais ferida, nos aspectos físico, psicológico, sexual e patrimonial. É preciso que a gente crie protocolos e siga as diretrizes do Estado para que sejamos históricos em relação à violência contra a mulher, que é secular", afirma.
No auditório da SDS, muitos policiais homens participam do curso. Para Simone, esta também é uma conquista importante e que vai influenciar bastante na ponta desse atendimento às mulheres vítimas de violência.
"Os homens são inspiradores no comportamento, dentro de casa e no ambiente de trabalho. Para modificar essa estrutura secular do machismo, as mulheres precisam estar inseridas em vários locais. Eu, por exemplo, estou na chefia da PCPE. Quando as mulheres assumem alguns lugares de destaque, elas precisam provar o tempo inteiro que são competentes e buscar uma perfeição que não é exigida aos homens, por exemplo. O critério técnico e a ocupação em lugares importantes fazem com que a mulher se sinta, realmente, capaz de mudar seu cenário dentro de casa, no ambiente de convivência, e saiba que não precisa passar por isso", conclui.