Policial branco que matou George Floyd formaliza acordo de culpabilidade 'histórico'
É a primeira vez que Chauvin, que recorre de sua condenação em um tribunal estadual de Minnesota, admite sua culpa pelos atos que resultaram na morte de Floyd por asfixia
Derek Chauvin, o ex-policial branco condenado pelo assassinato do afro-americano George Floyd, se declarou culpado nesta quarta-feira (15) das acusações de violação dos direitos civis da vítima, de acordo com a imprensa local.
É a primeira vez que Chauvin, que recorre de sua condenação em um tribunal estadual de Minnesota, admite sua culpa pelos atos que resultaram na morte de Floyd por asfixia durante um procedimento de prisão, um caso que gerou protestos em todo o país e teve ampla repercussão internacional.
Vestindo um macacão laranja de presidiário, o ex-policial de 45 anos compareceu brevemente diante de um juiz federal em St. Paul, no norte dos Estados Unidos, para formalizar um acordo de culpabilidade descrito como "histórico" pela família de George Floyd.
Chauvin se declarou culpado da acusação federal de uso excessivo da força contra a vítima, violando seus direitos constitucionais, de acordo com a imprensa local de Minnesota, presente em um tribunal federal em Minneapolis.
Ele também se declarou culpado de uma acusação semelhante contra um menor em 2017.
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Dia histórico
"Enquanto nosso país luta contra os demônios do passado e do presente, os dias históricos nos dão esperança. E hoje é um desses dias", disse o advogado da família Floyd, Ben Crump, em um comunicado.
“É uma vitória dos interesses da justiça, mas nunca esqueceremos o seu custo”, acrescentou.
Sua declaração de culpa garante que o ex-agente, que serviu na polícia de Minneapolis, passará vários anos na prisão, independentemente do resultado de sua apelação sobre as acusações de homicídio.
Chauvin inicialmente se declarou inocente das acusações federais, mas o juiz o advertiu que se ele não se declarasse culpado, poderia ser condenado à prisão perpétua, de acordo com a televisão local WCCO-TV.
Ele havia sido condenado em junho por um juiz federal a 22 anos e meio de prisão pela morte de Floyd. Agora, enfrenta uma sentença de 20 a 25 anos no caso de violação de direitos federais.
Essa pena poderia ser paga simultaneamente com a sentença que ele já cumpre por homicídio.
Em 25 de maio de 2020, este antigo oficial da Polícia de Minneapolis ajoelhou-se no pescoço do homem negro por quase dez minutos, indiferente às reivindicações e súplicas de transeuntes e aos gemidos de dor de George Floyd.
A trágica cena, gravada e postada em redes sociais, foi replicada pela mídia e causou indignação e protestos massivos contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos, mas também em vários países ao redor do mundo.
Em um processo de extensa cobertura da mídia, a defesa de Chauvin argumentou que George Floyd era um usuário de drogas pesadas e alegou que ele havia morrido de overdose, combinada com problemas de saúde. Além disso, garantiu que seu cliente havia feito um uso justificado da força.
Isso, porém, não convenceu os membros do júri, que impuseram uma dura sentença.
"Estou feliz que mais e mais pessoas estejam dispostas a discutir o que está acontecendo nos Estados Unidos", disse Philonise Floyd, seu irmão, ao deixar o tribunal na quarta-feira. No entanto, ressalta que "chora o tempo todo" e que essa decisão "nunca fará George voltar para nós".