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Polônia: oposição pró-Europa reivindica vitória nas eleições legislativas

O resultado das eleições é crucial para o futuro das relações da Polônia com a UE e com a vizinha Ucrânia

Principal líder da oposição da Polônia, ex-primeiro-ministro e chefe do bloco centristaPrincipal líder da oposição da Polônia, ex-primeiro-ministro e chefe do bloco centrista - Foto: Janek Skarzynski/AFP

A oposição centrista pró-Europa da Polônia reivindicou nesta segunda-feira (16) a vitória nas eleições legislativas celebradas no domingo, consideradas cruciais para o futuro do país na União Europeia (UE).

Caso os resultados sejam confirmados na terça-feira, as eleições acabarão com oito anos de governo do partido Lei e Justiça (PiS), de Jaroslaw Kaczynski, um partido eurocético e com forte discurso anti-imigração.

As três legendas da oposição, KO, Terceira Via (democratas-cristãos) e Esquerda, conquistaram em conjunto 248 cadeiras no Parlamento, que tem 460 membros, segundo os dados divulgados pelo instituto Ipsos nesta segunda-feira.

O PiS e a Confederação (extrema-direita) não conquistaram maioria, com 212 cadeiras, apesar da grande votação dos ultraconservadores.

"A Polônia venceu, venceu a democracia, os expulsamos do poder (...) Este é o final de um período ruim, este é o final do reinado do PiS", declarou pouco depois da divulgação das pesquisas de boca de urna Donald Tusk, presidente da Coalizão Cívica (KO), principal partido da oposição.

O resultado das eleições é crucial para o futuro das relações da Polônia com a UE e com a vizinha Ucrânia, que passam por um momento muito ruim.

Taxa de participação recorde

A taxa de participação na votação foi de 72,9%, um recorde que superou inclusive o nível das legislativas de 1989 (62,7%), que marcaram o fim do comunismo neste país do leste da Europa.

Os analistas destacaram a participação inesperadamente elevada dos jovens, em particular das mulheres. Quase 70% dos eleitores com idade entre 18 e 29 anos compareceram às urnas, contra 46% em 2019.

"É um salto considerável em termos de interesse pela política e de participação", destacou Justyna Kajta, socióloga da Universidade SWPS de Varsóvia.

"Sem dúvida há muitas esperanças de mudanças, em particular sobre os direitos das mulheres e o acesso ao aborto", declarou Natalia Szydlik, estudante de 20 anos de Varsóvia, à AFP.

A Polônia, que tem uma das leis mais restritivas da Europa sobre o aborto, autoriza a interrupção da gravidez apenas em caso de estupro, incesto ou se a vida ou saúde da mãe ou do bebê correm perigo.

Durante a campanha, o partido de Tusk, que foi primeiro-ministro entre 2007 e 2014 e presidente do Conselho Europeu entre 2014 e 2019, prometeu liberalizar o direito ao aborto.

Mudança de rumo?

Tusk também prometeu restabelecer as boas relações com a UE e liberar os fundos europeus congelados por Bruxelas devido às divergências durante os dois mandatos do governo do PiS.

"Sem dúvida vamos chegar a um acordo", afirmou Tusk em referência aos outros partidos da oposição.

O PiS recebeu 36,6% dos votos, o que representa 198 cadeiras, à frente do KO, que obteve 31% e 161 cadeiras, segundo o instituto Ipsos.

Mas o possível aliado, a Confederação, recebeu apenas 6,4% dos votos e 14 cadeiras, segundo o Ipsos. A Terceira Via conquistou 13,5% dos votos (57) e a Esquerda 8,6% (30).

Os analistas alertam que qualquer coalizão formada pela oposição pode ser barrada pelo presidente Andrzej Duda, próximo ao PiS.

Os resultados da boca de urna não concedem aos potenciais aliados a maioria de três quintos necessária para anular os vetos presidenciais.

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