Poluição do ar está associado a quatro vezes mais risco de depressão pós-parto; entenda
Estudo fez relação com a exposição a níveis elevados de dióxido de nitrogênio e partículas inaláveis durante a gestação
Na última semana, a cidade de São Paulo foi a metrópole com a pior qualidade do ar do mundo por vários dias consecutivos. A exposição à poluição do ar está associada a diversos riscos para saúde, desde problemas respiratórios até no cérebro. Agora, um novo estudo indica que a poluição também aumenta o risco de depressão pós-parto.
O estudo, publicado recentemente na revista científica Science of the Total Environments, sugere que níveis mais elevados de dióxido de nitrogênio (NO2) e partículas inaláveis (PM10) estão associados a um risco aumentado de depressão pós-parto.
Trabalhos anteriores já associaram a exposição à poluição do ar durante a gravidez ao nascimento prematuro, baixo peso ao nascer e complicações como distúrbios hipertensivos.
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O novo trabalho mostra que o impacto se estende à saúde mental, com aumento de quase quatro vezes no risco de depressão pós-parto. Este risco aumentado pode durar até três anos.
“O que é realmente novo neste trabalho é que fomos capazes de estender o exame da depressão para além do primeiro ano pós-parto e demonstramos o efeito sustentado da poluição do ar durante a gravidez nos sintomas de depressão durante todos os três anos pós-parto”, diz Tracy Bastain, autora sênior do estudo, em comunicado.
Os pesquisadores acompanharam 361 gestantes desde o início da gravidez até três anos após o parto. Os sintomas depressivos das participantes foram coletados um, dois e três anos após o parto. Esses dados foram comparados com medições semanais de poluição do ar perto de suas casas durante a gravidez.
A análise indica que as mulheres expostas a níveis mais elevados de NO2 entre as semanas 13 e 29 de gravidez tiveram um risco 3,86 vezes maior de depressão pós-parto durante até três anos. Aquelas expostos a níveis mais elevados de PM10 entre as semanas 12 e 28 também tiveram um risco semelhantemente mais elevado (3,88 vezes). Após um ano, 17,8% das mulheres apresentaram sintomas depressivos, 17,5% após dois anos e 13,4% após três anos.
"Nosso estudo encontrou, na verdade, uma porcentagem maior de depressão clinicamente significativa em comparação com dados recentes do CDC (sigla para Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA). Isso é muito importante: provavelmente há mais depressão pós-parto por aí do que nossos dados nacionais de prevalência mostram", avalia Bastain.
“Outra implicação importante do nosso trabalho é que a depressão pode persistir muito além dos primeiros 12 meses pós-parto, e as mães devem falar com os seus prestadores de cuidados de saúde se continuarem a ter sintomas de depressão”, completa a pesquisadora.