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População japonesa diminui quase 100 pessoas por hora apesar dos esforços governamentais

Dados preliminares mostram que o número de nascimentos em 2023 ficou um pouco acima dos 755 mil, taxa prevista para ser alcançada somente em 2035

JapãoJapão - Foto: Philip FONG / AFP

Quase 100 pessoas por hora: esta é o ritmo no qual a população do Japão está diminuindo, de acordo com dados oficiais divulgados na sexta-feira pelo Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações, citado pelo Financial Times. Até 1º de outubro eram 124,3 milhões de pessoas, uma queda de 837 mil pessoas em 12 meses, a maior queda já registrada desde 1950, quando os dados começaram a ser catalogados. O declínio é o 13º consecutivo em um país que está envelhecendo cada vez mais — até 2050, um em casa cinco domicílios do país será constituído por idosos — apesar dos esforços das autoridades para contornar a crise demográfica.

A queda sofre uma ligeira reversão para 595 mil quando levados em conta a entrada de trabalhadores imigrantes, estudantes estrangeiros e estrangeiros com residência permanente. Segundo um relatório divulgado ano passado, a Agência de Serviços de Imigração afirmou que o número de estrangeiros residentes no Japão era de 3,2 milhões até o fim de junho, cujo aumento esteve condicionado à expansão de programas do governo para atrair trabalhadores qualificados e estágios técnicos.

Os números foram divulgados após a publicação, em fevereiro, de um cálculo preliminar sobre o número de bebês nascidos no ano passado: 758.631, uma queda de 5,1% em relação a 2022. O número (755 mil) até era anunciado pelas previsões mais recentes do Instituto Nacional de Pesquisa da População e da Segurança Social (IPSS, na sigla em inglês), mas apenas 2035. O dado sugere, aponta o Financial, que a taxa está caindo muito mais do que esperado.

Com uma pirâmide quase ao contrário, com a base encolhendo em relação à ponta, o país atingiu um nível recorde apenas 11,4% de pessoas abaixo de 15 anos, enquanto aqueles com mais de 65 anos representam 29,1% da população. O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, citado pelo jornal, afirmou que a crise demográfica está conduzindo o país "à beira da incapacidade de manter funções sociais".

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No ano passado, o premier anunciou um pacote de ajuda para as famílias no valor de US$ 25 bilhões para estimular os nascimentos e conter a queda de natalidade no país. O plano tem duração de três anos e prevê um aumento das ajudas diretas aos progenitores, apoio financeiro à educação dos filhos e ao pré-natal, além de promover horários de trabalhos flexíveis ou licença para os pais.

Idosos morando sozinhos
O país enfrenta um desafio demográfico à medida que o número crescente de idosos aumenta os custos dos cuidados médicos e dos cuidados de longa duração, enquanto a população ativa capaz de financiar estas despesas diminui. Além disso, projeções do IPSS mostram que um em cada cinco domicílios será constituído por idosos que vivem sozinhos até 2050.

Serão 10,8 milhões de idosos morando sozinhos, o que representa 20,6% dos lares no Japão, segundo projeções do instituto — um aumento considerável em relação a 2020, quando foi informado que 7,37 milhões de idosos viviam sozinhos, ou seja, 13,2% dos domicílios, segundo as projeções publicadas pelo instituto a cada cinco anos.

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Muitos idosos têm filhos ou familiares que podem cuidar deles, mesmo que vivam sozinhos, revela o instituto. Mas, são os jovens japoneses que preocupam, já que eles têm se casado cada vez mais tarde ou decidindo não ter filhos por não terem recursos para garantir a sua educação. "Daqui a cerca de trinta anos, a proporção de domicílios constituídos por um idoso sem filhos que vive sozinho" aumentará, enquanto o número de familiares que atuam como cuidadores diminuirá, segundo o estudo. 

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