Saúde

Por que conseguimos lembrar de letras de músicas antigas com facilidade? Entenda

A ciência explica que existem várias razões pelas quais a música e as palavras parecem estar intimamente ligadas na memória

Amigos cantando juntos em karaokê Amigos cantando juntos em karaokê  - Foto: Freepik

A música há muito é utilizada como método mnemônico, ou seja, para ajudar a lembrar palavras e informações. Antes do advento da linguagem escrita, a música era usada para transmitir histórias e informações oralmente. Ainda hoje vemos muitos exemplos deste tipo na forma como ensinamos às crianças o alfabeto ou os números.

Mas, sempre surgem as perguntas: por que muitas pessoas não se lembram onde colocam as chaves do carro na maioria das manhãs, mas conseguem cantar cada letra de uma música que não ouvem há anos quando ela toca no rádio? As letras das músicas ocupam um lugar privilegiado na nossa memória?

Existem várias razões pelas quais a música e as palavras parecem estar intimamente ligadas na memória. Primeiro, os recursos musicais muitas vezes servem como uma matriz previsível para nos ajudar a lembrar as letras associadas. Por exemplo, o ritmo e a batida da música dão pistas sobre a duração da próxima palavra em uma sequência. Isso ajuda a restringir as escolhas possíveis de palavras a serem lembradas, por exemplo, indicando que uma palavra de três sílabas se ajusta a um ritmo específico da música.

A melodia de uma música também pode ajudar a segmentar um texto em fragmentos significativos. Isso nos permite lembrar segmentos de informação mais longos do que se tivéssemos que memorizar cada palavra separadamente. As músicas também costumam usar recursos literários, como rima e aliteração, que tornam a memorização ainda mais fácil.

Quando já cantamos ou ouvimos uma música muitas vezes, ela pode se tornar acessível através da nossa memória implícita (não consciente). Cantar a letra de uma música conhecida é uma forma de memória processual. Ou seja, é um processo muito automatizado, como andar de bicicleta: é algo que conseguimos fazer sem pensar muito.

Uma das razões pelas quais a música está tão profundamente enraizada na memória é porque tendemos a ouvir as mesmas músicas muitas vezes ao longo da vida (mais, por exemplo, do que lemos nosso livro favorito ou assistimos ao nosso filme preferido).

A música também é fundamentalmente emocional. Na verdade, pesquisas mostram que uma das principais razões pelas quais as pessoas ficam viciadas em música é a diversidade de emoções que ela transmite e evoca. Numerosos estudos mostram que os estímulos emocionais são lembrados melhor do que os não emocionais. A tarefa de tentar lembrar o alfabeto, as cores do arco-íris ou as notas musicais é intrinsecamente mais motivadora quando combinada com uma melodia cativante, e mais tarde lembraremos melhor dos conceitos quando estabelecermos uma conexão emocional.

Deve-se notar que nem todas as pesquisas anteriores descobriram que a música facilita a lembrança de letras associadas. Por exemplo, na primeira vez que ouvimos uma música nova, memorizar tanto a melodia quanto a letra associada é mais difícil do que memorizar apenas a letra. Isso faz sentido, dadas as múltiplas tarefas envolvidas.

Porém, após superar esse obstáculo inicial e se expor diversas vezes a uma música, surgem efeitos mais benéficos. Depois de conhecer uma melodia, a letra associada costuma ser mais fácil de lembrar do que se você tentar memorizá-la sem a música. A pesquisa neste campo também está sendo aplicada para ajudar pessoas com vários distúrbios neurodegenerativos. Por exemplo, a música pode ajudar quem sofre de Alzheimer e esclerose múltipla a lembrar informações verbais.

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