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Por que 'Dia D'? Descubra mitos e verdades sobre a maior operação militar conjunta da Segunda Guerra

Desembarque na Normandia deu início à ofensiva das forças aliadas pelo Ocidente

Soldados americanos desembarcam na praia de Omaha, na Normandia Soldados americanos desembarcam na praia de Omaha, na Normandia  - Foto: Arquivos Nacionais dos EUA

Há 80 anos, o mundo testemunhava a maior operação militar conjunta, por terra, mar e ar, da História das guerras. O início da Operação Overlord, em 6 de junho de 1944, que ficou marcado na História como "Dia D", foi o início da chamada invasão da Normandia, que reposicionou as tropas aliadas no coração da Europa ocidental e cumpriu um importante papel na luta contra o Terceiro Reich nazista.

Representado em incontáveis livros, filmes e séries, o Dia D é repleto de curiosidades e mitos envolvendo a atuação das forças aliadas e a resistência alemã. 

O que significa Dia D?
Há divergência sobre o motivo do desembarque na Normandia ter ficado conhecido como "Dia D". Alguns pesquisadores afirmam que se trata apenas de uma aliteração com a primeira letra da palavra Dia (como em: "Hora H"). Porém, de acordo com a Fundação Nacional Memorial do Dia D, localizada em Bedford, Virgínia, a razão estaria diretamente ligada às comunicações militares e ao cálculo das operações. Funcionaria como em operações bancárias: Se D é o dia marcado para a operação, dois dias antes seria o D-2. No caso do dia seguinte, seria o D+1.

Em um artigo sobre o Dia D, o Departamento de Defesa americano cita o general Dwight D. Eisenhower, comandante geral das forças aliadas durante a invasão, para resolver a questão: "Esteja ciente de que qualquer operação anfíbia tem uma ‘data de partida’; portanto, o termo abreviado ‘Dia D’ é usado", disse o comandante, citado pelo seu assistente executivo, o brigadeiro general Robert Schultz.

"Ele disse que na verdade houve vários outros 'Dias D' durante a guerra – a Normandia foi apenas o maior e mais conhecido", conclui o texto do Departamento de Defesa dos EUA.

O Dia D foi uma operação dos EUA?
Não apenas. É fato que os Estados Unidos tiveram um papel central no planejamento e execução da invasão da Normandia: as Forças Expedicionárias Aliadas foram comandadas pelo general americano Eisenhower, grande parte do contingente militar era formado por soldados americanos e, no Dia D, as maiores baixas aliadas aconteceram entre soldados americanos, sobretudo paraquedistas e na praia de Omaha.

 

No entanto, é preciso lembrar que vários países atuaram de forma conjunta para libertar a França e a Europa, dentro do escopo da invasão da Normandia. Três das praias conquistadas no Dia D — Gold, Juno e Sword — foram tomadas por forças majoritariamente britânicas e canadenses. Também participaram do Dia D militares de Austrália, Bélgica, Grécia, Holanda, Noruega, Nova Zelândia, Polônia e Tchecoslováquia.

As forças da Alemanha nazista foram pegas completamente de surpresa?
Não completamente. O regime nazista sabia das pretensões dos aliados de abrirem um novo front para desafiar o domínio alemão por terra. Hitler transferiu o general Erwin Rommel, que participou da invasão à França, em 1940, e comandou as operações do Exército alemão no norte da África, os Afrika Korps, para preparar as defesas no norte da França, e as forças alemãs criaram um plano que ficou conhecido como "Muralha Atlântica", que consistiu na instalação de minas, barreiras e posições defensivas no litoral voltado ao Reino Unido.

O que não havia, no entanto, era a certeza sobre o local exato do ataque. Por meio de atividades variadas de contrainteligência, as forças aliadas fizerem os alemães acreditarem que a operação de infiltração aconteceria em outras áreas — como em Calais, ponto mais próximo entre a França e o Reino Unido, para onde uma operação de desinformação aliada fez os alemães crerem que era onde ocorreria o desembarque aliado.

— As escolhas estratégicas e preparação defensiva demonstrada pelo Exército alemão, incluindo a própria resistência em Omaha, mostram que eles tinham consciência de que uma ofensiva estava por vir — afirmou o coronel da reserva Flavio Morgado, instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). — O nível surpresa maior ficou reservado ao nível tático, no sentido de informações mais precisas, como data, hora e dimensão exata do ataque.

Soldados aliados morreram afogados no desembarque?
Sim. Há registro de mortes por afogamento entre os soldados que desembarcaram dos veículos anfíbios nas praias da Normandia. Uma das principais causas para esse tipo de baixa é o peso do próprio equipamento que cada soldado carregava. Como não sabiam por quanto tempo iriam combater e nem quando haveria reforço ou o estabelecimento de uma linha de abastecimento logístico, os soldados aliados transportaram no Dia D até 55 kg de equipamento. Com os veículos anfíbios avariados e a necessidade de saltar no mar antes de chegar à praia, sob fogo inimigo, alguns deles se afogaram.

O Dia D é a data que a Segunda Guerra Mundial acabou?
Não. O Dia D é a data em que as Forças Expedicionárias Aliadas lançaram a Operação Overlord, que também ficou conhecida como invasão da Normandia. A parte naval ficou conhecida como operação Netuno, com o emprego de algo em torno de 7 mil embarcações, que atravessaram o Canal da Mancha. Depois do Dia D, a Segunda Guerra Mundial continuou na frente ocidental, na frente oriental (comandada pela União Soviética) e na Itália, onde a Força Expedicionária Brasileira (FEB) atuou. O conflito em solo europeu só acabou com a rendição incondicional da Alemanha, em 7 de maio de 1945. No Pacífico, a guerra continuou até 2 de setembro do mesmo ano, quando o Japão se rendeu, após a detonação das bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki.

O Dia D é o dia que Hitler morreu?
Não. Hitler morreu em 30 de maio de 1945, após suicidar-se, diante da derrota iminente. Os restos mortais do líder nazista foram recuperados pelas forças soviéticas e identificado a partir de registros dentários, segundo o registro histórico. O corpo dele foi incinerado e as cinzas espalhadas em local indeterminado.

O fim obscuro de Hitler é, desde então, motivo de teorias da conspiração, muitas das quais motivaram obras de ficção, em que ele teria sobrevivido e fugido para outros países. Embora essa ideia parta de um acontecimento real — muitos nazistas fugiram ou foram capturados antes do fim da guerra e levados para países aliados, não há indício histórico que sugira que Hitler sobreviveu.
Josef Mengele, conhecido como "o anjo da morte de Auschwitz" pelos experimentos que conduzia com judeus e ciganos, viveu por anos na América do Sul, tendo morrido afogado na praia de Bertioga, no litoral de São Paulo, em 1979. Adolf Eichman, que ganhou a alcunha de 'arquiteto do Holocausto', foi capturado pelo Mossad na Argentina. Ele foi preso, julgado em Israel e executado.

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