Logo Folha de Pernambuco

SAÚDE

Por que é importante respirar apenas pelo nariz?

As narinas não apenas filtram o ar, mas também regulam a taxa de absorção do oxigênio nos alvéolos dos pulmões, otimizando o processo de oxigenação do corpo

Respirar com o nariz é importante para a saúde Respirar com o nariz é importante para a saúde  - Foto: Reprodução/Freepik

A palavra respiração vem do latim "emovere", que significa mover-se. Assim começou a apresentação de Daniel Fersztand, especialista em respiração e gestão do estresse, autor do livro “Respiração e Inteligência Emocional” e diretor da Escola Método DeROSE Núñez, no contexto do Capítulo 4 de Bem-estar & Saúde - o summit anual organizado pelo La Nación - para falar sobre a importância de um dos processos inerentes à vida que, no entanto, muitas vezes é esquecido.

Para abordar o tema, Fersztand começou comparando a respiração com as emoções, que aparecem sem aviso prévio e, em muitos sentidos, nos controlam, e com a pressão arterial e o ritmo cardíaco, que flutuam além do nosso desejo.

— A respiração, embora ocorra involuntariamente, pode ser controlada. É nesse aspecto que devemos nos concentrar: na respiração consciente e voluntária.

Com mais de duas décadas dedicadas ao estudo de técnicas respiratórias e seu impacto na gestão do estresse, Fersztand explicou que o ser humano está preparado para respirar cinco litros e meio de ar por dia, mas que, habitualmente, respira apenas meio litro.

 

— Usamos cerca de uma décima parte de nossa capacidade pulmonar. Não a aproveitamos.

Esse subaproveitamento, ele aponta, deve-se em grande parte à falta de conhecimento sobre os músculos envolvidos no processo respiratório, especialmente o diafragma.

— Esse músculo, situado entre o tórax e o abdômen, desempenha um papel crucial na respiração profunda. Quando o ar entra, o diafragma desce e o abdômen se expande; quando o ar sai, o diafragma sobe e o abdômen se contrai — sintetizou Fersztand. — No entanto, o estresse e a tensão nervosa podem causar contrações que limitam sua funcionalidade, dificultando a capacidade de respirar plenamente — acrescentou durante a palestra.

Para enfrentar isso, ele sugere um enfoque contraintuitivo: esvaziar os pulmões para permitir que maiores quantidades de ar fresco entrem na próxima inalação.

— Quando sentimos que nos custa respirar, é porque precisamos trocar o ar. O que devemos fazer nessas situações é expelir todo o ar que temos, para gerar espaço para novo ar. Isso é o oposto do que faríamos naturalmente, já que em qualquer situação que provoque nervosismo ou ansiedade, mesmo que não seja grave, tende-se a gerar tensão no diafragma que impede a correta expulsão do ar, resultando na redução da troca gasosa.

Respiração nasal: uma fonte de sabedoria emocional
Outro aspecto central na análise de Fersztand é a respiração nasal. Embora muitas pessoas respirem predominantemente pela boca, o autor destaca as múltiplas vantagens de inalar e exalar pelo nariz.

— As fossas nasais não apenas filtram o ar, mas também regulam a velocidade com que o oxigênio é absorvido pelos alvéolos pulmonares, ao otimizar o processo de oxigenação do corpo — detalha.

Além desses benefícios fisiológicos, a respiração nasal tem um impacto direto em nossas emoções e em nossa capacidade de resposta.

— O sentido do olfato, ligado ao sistema límbico do cérebro, desempenha um papel crucial na identificação de ameaças em nosso ambiente — destacou Fersztand, mencionando um estudo que demonstrou que as pessoas que respiram pelo nariz reagem mais rapidamente a estímulos emocionais do que aquelas que respiram pela boca. — Quando privamos o sentido do olfato, estamos privando nosso cérebro de informações que ele usa constantemente para saber se deve se preocupar ou não. Não usá-lo é como sair à rua com os olhos vendados.

A conexão entre a respiração e o cérebro também influencia áreas-chave como a memória e o aprendizado. Segundo Fersztand, a respiração nasal melhora nossas capacidades cognitivas. Isso ressalta a importância de adotar uma respiração consciente não apenas para regular nossas emoções, mas também para otimizar nosso desempenho intelectual.

A respiração pode nos ajudar a concentrar? Para Fersztand, a resposta é definitivamente afirmativa.

— A respiração é fácil de perceber e podemos focar a atenção nela a qualquer momento e em qualquer circunstância, tanto sozinhos quanto em grupo. É apenas uma questão de sentir como você está respirando, concentrar-se na sensação tátil do ar que toca as fossas nasais ao inspirar e expirar, sentir o movimento do diafragma e o percurso do ar. Em pouco tempo, ajuda a mente a se concentrar e a se abstrair dos estímulos externos, reduzindo a dispersão e reunindo forças — expõe ele.

Ritmos respiratórios: a arte de equilibrar a vida
O controle dos ritmos respiratórios é uma técnica avançada que Fersztand promove para o manejo das emoções. Essa prática consiste em dar um tempo específico a cada uma das quatro fases da respiração: inalar, reter o ar, exalar e manter os pulmões vazios. Dependendo da situação emocional, ajustar esses tempos pode ser uma estratégia eficaz para acalmar-se ou energizar-se.

"Se precisamos relaxar, é recomendável prolongar a exalação e a retenção dos pulmões vazios", identifica Fersztand. Essa técnica, praticada de maneira constante, não apenas ajuda a enfrentar situações de estresse, mas também contribui para desenvolver uma estrutura emocional mais sólida e resiliente.

Veja também

Corregedoria pede prisão de PM que jogou homem de ponte
SÃO PAULO

Corregedoria pede prisão de PM que jogou homem de ponte

Assessor de Biden diz que os EUA ficariam sem munições em guerra contra a China
Joe Biden

Assessor de Biden diz que os EUA ficariam sem munições em guerra contra a China

Newsletter