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Por que o Reino Unido não retaliou as tarifas de Trump? Entenda negociação

Premier britânico quer permanecer próximo aos EUA, mesmo que a incerteza desencadeada por Trump ofereça uma chance de construir laços com a União Europeia

Primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, na frente da residência oficial de Downing Street Primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, na frente da residência oficial de Downing Street  - Foto: Adrian DENNIS / AFP

O Reino Unido se distancia da União Europeia ao não retaliar as tarifas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs sobre as importações de aço e alumínio nesta quarta-feira. Isso porque nos cálculos do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ele pode negociar um acordo comercial com os americanos que pouparia o país a longo prazo.

A abordagem contrasta fortemente com a do bloco europeu, que reagiu rapidamente com medidas em retaliação sobre as exportações americanas, incluindo motocicletas Harley-Davidson, bourbon e jeans. Além disso, as principais autoridades alertaram sobre a incerteza que as políticas de Trump estão causando. Por outro lado, o governo do Reino Unido expressou somente um desapontamento silencioso por ser arrastado para a rede protecionista de Trump.

Starmer disse ao Parlamento que estava “desapontado” com as tarifas globais sobre aço e alumínio, mas que o país adotaria uma “abordagem pragmática”. Um novo acordo comercial incluiria tarifas, acrescentou, e “manteria todas as opções em aberto”.

 

Mas o premier acredita que, em última instância, poderá persuadir Trump de que a relação comercial dos britânicos com os Estados Unidos é equilibrada.

O Reino Unido tem um superávit comercial de US$ 89 bilhões ou um déficit de US$ 14,5 bilhões com os Estados Unidos, dependendo da citação de estatísticas britânicas ou americanas. A diferença se baseia, em parte, na forma como ambos os lados tratam os centros financeiros offshore, como Jersey e Guernsey, que são dependências da coroa.

— Ele estava trabalhando duro, eu lhe digo isso — disse Trump, depois que Starmer fez lobby contra as tarifas em uma reunião na Casa Branca no final do mês passado, acrescentando: — Ele ganhou o que quer que lhe paguem por lá.

Starmer também tem pressionado Trump a fornecer garantias de segurança americanas à Ucrânia como parte de uma negociação de paz com a Rússia. Os dois líderes têm se falado regularmente por telefone desde a reunião, já que Starmer tem tentado ajudar a curar o rompimento de Trump com o presidente Volodymyr Zelensky da Ucrânia.

Mas a decisão do Reino Unido de não retaliar as tarifas pode complicar a outra grande prioridade de seu primeiro-ministro: aproximar o país da União Europeia após o Brexit. A crise na Ucrânia deu ao líder uma chance de colaborar com os europeus em Defesa e Segurança, e ele claramente espera que isso possa levar a vínculos comerciais e econômicos mais estreitos.

As respostas divergentes às tarifas são um lembrete de que, em alguns aspectos, o Reino Unido ainda enfrenta uma escolha entre os Estados Unidos e a Europa.

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