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Por que os bilíngues têm uma memória melhor? Novo estudo explica

Bilíngues com alta proficiência na segunda língua são os que mais ganham vantagem no processo de memorização

Foto: Polina Tankilevitc/Pexels

Ao ouvir os primeiros sons de uma palavra, os bilíngues não pensam somente na primeira língua, mas também na segunda. Por isso, como é comprovado em um novo estudo publicado na revista Science Advances, saber duas línguas é uma grande vantagem para a memória.

A necessidade de lembrar de dois grandes grupos concorrentes de palavras pode ter consequências cognitivas a longo prazo. Na pesquisa, bilíngues de espanhol-inglês e monolíngues ingleses ouviram uma palavra e identificar qual é o item correto entre uma série de imagens de objetos, enquanto os movimentos oculares realizados por eles eram gravados.

Para dificultar a tarefa, os pesquisadores fizeram os outros objetos que apareceram ser parecidos com o certo. Foi observado que os bilíngues olharam por mais tempo para imagens, o que significa que eles olhavam por mais tempo para mais objetos do que os monolíngues. Em seguida, o estudo procurou analisar se essa "competição" mental causada pelos dois idiomas era responsável por uma melhora na capacidade de memorização.

Nessa nova fase, os participantes fizeram novos reconhecimentos e em uma segunda rodada, tiveram que identificar objetos que haviam visto anteriormente. Assim, a conclusão chegada pelos cientistas foi que a proficiência em um segundo idioma tem um papel crucial na memória. A vantagem foi maior em bilíngues com alta proficiência na segunda língua do que em bilíngues com baixa proficiência na segunda língua e monolíngues.

Além disso, os dados observados no rastreamento dos movimentos oculares confirmaram que os itens com mais concorrentes (aqueles que tiveram outros objetos com nome parecido postos ao lado do correto) foram vistos por mais tempo, o que levou à vantagem de memória para esses itens posteriormente. Dessa forma, as descobertas mostram que o sistema cognitivo bilíngue é amplamente interativo e pode afetar outros componentes cognitivos, como a memória de reconhecimento.

O especialista Panos Athanasopoulos, professor de Linguística da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, aponta em seu artigo para o site The Conversation, que outros estudos já mostraram um processamento de memória mais sofisticado em bilíngues, comparados ao de monolíngues. Principalmente em tarefas de categorização que requerem ignorar outras informações que distraem.

"Isso certamente pode indicar que os bilíngues são mais eficientes em multitarefas e mais capazes de se concentrar na tarefa em questão, especialmente quando a tarefa exige ignorar informações irrelevantes (pense em tentar trabalhar em um café barulhento)", escreve.

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