Ataque de tubarão

Poucos banhistas vão à praia de Piedade no segundo dia de interdição

Comerciantes temem que proibição de banho de mar afaste clientes e faturamento das vendas caiam

Praia de Piedade, Jaboatão dos GuararapesPraia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Apesar de ter o fundo do mar tatuado nas costas, o microempreendedor Carlos André, 35 anos, prefere manter distância da água marinha. Ele foi um dos poucos banhistas presentes na manhã desta quarta-feira (28) na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, onde ocorreram recentemente dois ataques de tubarão.

Um trecho de dois quilômetros da orla está interditado para banho por tempo indeterminado, visando evitar outros incidentes. 

Acompanhado da família, Carlos conta que sempre evitou entrar no mar, principalmente próximo a igrejinha de Piedade. Além de apoiar a proibição do banho, ele sugere outras medidas para prevenir outros ataques de tubarão.

"Falta consciência da própria população. Deveriam ser aplicadas multas em quem insiste em tomar banho de mar onde se sabe do risco", comenta. 

O casal de turistas Tainá Macedo, 24, e Cássio Jaskievizz, 25, ficaram sabendo dos ataques antes mesmo de viajar de Curitiba, no Paraná, para Recife. "Alguns parentes viram as notícias e nos alertaram para não entrar no mar", disse o operador de máquinas.

Tainá conta que achou a praia bem sinalizada, mas acredita que é preciso haver mais ações educativas. "Não fomos abordados aqui por ninguém para alertar sobre os riscos. Sabemos por conta do que nos falaram antes de viajar", disse a supervisora de operações.

 

Os comerciantes do local são os mais apreensivos. Há 13 anos, Jonatas Cícero da Silva, 32, trabalha na praia de Piedade e afirma que já viu cinco ataques de tubarão. Casado e pai de dois filhos, ele conta que teme a queda do faturamento.

"A gente fica triste porque dependemos das vendas. Ficamos meses fechados por conta da pandemia e agora veio a proibição de banho no mar. Deveriam instalar chuveiros para as pessoas se refrescarem. Seria uma forma de atrair os banhistas e evitar que entrem na água", comenta. 

Ele também questiona o valor do auxílio anunciado pela Prefeitura de Jaboatão, três parcelas de R$180. "Não vai ajudar tanto, pois a questão não é apenas nosso sustento. Somente o gás que usamos para cozinhar custa R$ 100. Também temos funcionários. Eu tenho quatro, por exemplo, e pago diárias de R$ 50. É preciso rever o valor do benefício", afirma. 

Quem também está preocupada com o futuro das vendas é Marta Maria da Silva, 58 anos, que há 23 anos tira o sustento da família do trabalho na praia de Piedade. "Precisamos que as autoridades olhem para nossas condições e nos ajudem. A vida está difícil. Primeiro veio o coronavírus e agora essa pandemia de tubarão", fala emocionada.

A comerciante afirma que não conseguiu refazer o cadastro na Prefeitura porque no dia foi tomar a vacina contra Covid. Agora, ela teme não receber o auxílio. "Já não durmo direito. Espero que as coisas melhorem", fala.

Veja também

Uma pessoa morre em ataque a faca na cidade holandesa de Roterdã
Mundo

Uma pessoa morre em ataque a faca na cidade holandesa de Roterdã

Candidato apoiado por Trump elogiou Hitler e apoiou escravidão em fórum de site pornô, diz jornal
Estados Unidos

Candidato apoiado por Trump elogiou Hitler e apoiou escravidão em fórum de site pornô, diz jornal

Newsletter