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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Povoado cristão da Cisjordânia reza pela paz em Gaza

No Natal, os cristãos palestinos saíam de cidades vizinhas e compareciam em grande número a Zababdeh para admirar as luzes e o mercado festivo

O escoteiro palestino Elias Diab, 23 anos, posa para um retrato do lado de fora da Igreja da Visitação, onde se acredita que a Virgem Maria tenha descansado durante sua viagem de Nazaré a Belém, na vila predominantemente cristã de ZababdehO escoteiro palestino Elias Diab, 23 anos, posa para um retrato do lado de fora da Igreja da Visitação, onde se acredita que a Virgem Maria tenha descansado durante sua viagem de Nazaré a Belém, na vila predominantemente cristã de Zababdeh - Foto: Marco Longari/AFP

Um silêncio incomum tomou conta das ruas de Zababdeh, um povoado palestino que abriga uma das maiores comunidades cristãs da Cisjordânia ocupada, e que perdeu a vontade de celebrar o Natal, em meio à guerra em Gaza.

No Natal, os cristãos palestinos saíam de cidades vizinhas e compareciam em grande número a Zababdeh para admirar as luzes e o mercado festivo nesta localidade de cerca de 5.000 habitantes.

Com a destruição provocada em Gaza e com o aumento da violência na Cisjordânia, porém, a comunidade cristã não está disposta a celebrar o Natal nesta segunda-feira.

Este ano, os fiéis rezam pela paz e lamentam os mortos. Também estão preocupados com a violência cada vez mais próxima.

Durante a manhã, jornalistas da AFP ouviram disparos e sirenes em Jenin, uma cidade onde o Exército israelense efetua incursões quase diárias.

"Como podemos celebrar o Natal?", pergunta Nazeria Yusef Deabis, de 76 anos, que viveu em Zababdeh toda a sua vida e nunca experimentou um clima tão sombrio.

Não há árvore de Natal em sua casa. "As pessoas não se sentem festivas. Perderam amigos e familiares em Gaza", diz. "A ocupação (Israel) está destruindo Jenin e as crianças são brutalmente assassinadas", acrescenta.

O Exército israelense afirma que suas frequentes incursões em Jenin, especialmente no campo de refugiados adjacente, têm como alvos "terroristas", mas o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina em Ramallah diz que muitos mortos são civis.

As forças israelenses e os colonos mataram mais de 300 pessoas na Cisjordânia desde o início da guerra, em 7 de outubro, segundo as autoridades palestinas. Israel ocupa a Cisjordânia desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

"Precisamos de paz"
O conflito começou há 80 dias, depois que o Hamas executou um ataque surpresa em Israel que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses. Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva terrestre e aérea que deixou mais de 20.400 mortos em Gaza, segundo o movimento islamista que governa o território palestino desde 2007.

Nas ruas silenciosas de Zababdeh, a loja de decoração de Natal de Gabi Jadar está abarrotada de artigos natalinos que ele não conseguiu vender: guirlandas, caixas cheias de enfeites e mais de 20 árvores de plástico.

Este cristão anglicano de 55 anos não vendeu uma árvore sequer este ano. Agora, ele está endividado e com dificuldades para pagar o aluguel. Ele teve que dizer aos filhos que não deveriam esperar grandes presentes.

Apesar das circunstâncias, alguns serviços religiosos prosseguiram. O padre Elias Taban, de 50 anos, celebrou uma missa solene na Igreja Nossa Senhora da Visitação.

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