Pré-candidato à presidência no Uruguai é denunciado por mulher trans por agressão
Denúncia foi apresentada na última quarta-feira. Yamandú Orsi nega as acusações
Uma denúncia de agressão apresentada por uma mulher transexual contra Yamandú Orsi, favorito para se tornar candidato presidencial da oposição de esquerda Frente Ampla, abalou a campanha eleitoral no Uruguai esta semana.
Orsi, de 56 anos e herdeiro do legado do ex-presidente e ex-guerrilheiro José Mujica, nega as acusações de Paula Díaz, de 42 anos. A mulher, que trabalha como prostituta, alegou ter sido agredida pelo pré-candidato depois de ele se recusar a pagar por sexo oral, em junho de 2014.
O sistema judiciário ainda não começou a investigar a denúncia criminal de Díaz, apresentada na manhã da última quarta-feira. Dando a sua versão à imprensa na última sexta-feira, a mulher disse que se lembrava do incidente “há cerca de um mês”, quando viu Orsi “na televisão”.
O presidente da Frente Ampla, Fernando Pereira, disse que tudo “faz parte de uma campanha orquestrada” para “banir publicamente um dos candidatos do partido com maior intenção de voto”. E questionou que Díaz não conhecia Orsi, que foi prefeito do departamento de Canelones de 2015 até 1º de março.
Díaz destacou que foi incentivada a denunciá-lo depois que "um conhecido" a colocou em contato com Romina Celeste Papasso, a mulher trans que no ano passado acusou o senador Gustavo Penadés de ser um "pedófilo", cujos privilégios parlamentares foram retirados, e ele foi indiciado com prisão preventiva por suposto abuso sexual de menores.
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Mas, ao contrário de Papasso, que é membro do Partido Nacional, no poder, Díaz disse que estava “fora da política”.
"Não estou nem aí pelo show business ou pela popularidade. A última coisa que quero é isso, ou tirar dinheiro de alguém. Quero que a justiça seja feita. Paguei US$ 1.500 pelo meu nariz, e esse cara me deu uma cabeçada e o arruinou", enfatizou Díaz.
Em vídeo divulgado nas redes sociais no dia 7 de março, Papasso havia anunciado que uma menina trans lhe contou que havia sido agredida por Orsi.
Orsi reagiu às declarações, o qual chamou de “absurdas”, e alertou que “é algo que não é contra uma pessoa, é contra a democracia”.
“Essa pessoa está confusa, claro que não fui eu. Ou pior, seria ainda mais triste se alguém os estivesse usando”, disse o pré-candidato em entrevista coletiva.
Orsi disse que ações como estas são “muito bem orquestradas” por uma “máfia internacional” com muito dinheiro. Pessoas próximas ao candidato mencionam o tráfico de drogas.
O processo eleitoral no Uruguai começará em 30 de junho com eleições internas do partido. As eleições presidenciais e legislativas serão em 27 de outubro, com eventual segundo turno em 24 de novembro.