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Recife

Prédio no Bairro do Recife corre risco de desabar; obras de demolição começam na segunda-feira (13)

Vizinhos do prédio, comerciantes sentem prejuízo após uma semana interditados pelo risco de desabamento

Prédio em risco de desabamento deixa Rua da Guia e proximidades interditada Prédio em risco de desabamento deixa Rua da Guia e proximidades interditada  - Foto: Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco

Um prédio abandonado com risco de desabamento tem preocupado moradores, comerciantes e turistas no Bairro do Recife, desde a última quinta-feira (2). O edifício de número 88, na rua da Guia, desocupado desde 2001, apresentou estalos contínuos, acarretando na interdição das vias próximas e dos comércios vizinhos. As obras para demolição segura pela Prefeitura do Recife começam nesta segunda-feira (13). 

A rua da Guia é uma das vias de maior presença de pedestres, por conta de seus restaurantes, com movimento considerável, especialmente na hora do almoço. Além disso, funciona como ligação entre a avenida Rio Branco e a Praça do Arsenal. Com o isolamento do prédio, a rua teve o acesso fechado nos dois sentidos, assim como a avenida Barbosa Lima, que liga a rua do Apolo ao Marco Zero. 

De acordo com moradores da região e comerciantes, o edifício está desocupado desde 2001, e, desde 2011, está desabitado por completo, após a prefeitura demolir a marquise do prédio, que corria risco de desabamento. 

Segundo Fábio Accioly, dono do restaurante Boi Voador, que fica em frente ao edifício, os estalos seguiram por três dias, até que no terceiro dia, veio mais forte e preocupou mais. 

"Na quinta-feira passada, ele deu um estalo de madrugada. Na sexta, deu outro, tipo uma ruptura. Quando foi no sábado, deu um estalo mais forte, caiu pedra, os pombos voaram. Aí a gente entrou em contato com a Defesa Civil e a Prefeitura", disse. 

No mesmo dia, os restaurantes foram interditados. Vistorias foram realizadas no prédio no domingo (5) e na segunda-feira (6), onde equipes da Defesa Civil e da Secretaria Executiva de Controle Urbano constataram uma inclinação do edifício. 

As obras de demolição tem início nesta segunda-feira (13), e, para os donos de estabelecimento, a esperança é que as obras aconteçam de forma segura e não danifiquem os prédios do entorno. 

"Eu sei que eles vão fazer a medida de segurança para não cair nos prédios, tentar demolir da melhor maneira possível. Para a gente, é pedir a deus pra dar tudo certo", disse Fábio Accioly. 

Apesar do transtorno, Fábio vê um lado positivo na demolição do prédio. 

"Como dono de restaurante, isso aqui é meu emprego, meu trabalho. São quase 50 pessoas que sobrevivem do restaurante ao todo. Mas, no fim, isso tudo é bom. Imagina se isso cai na cabeça da gente? A ideia era recuperar, esse era o sonho. Mas não deu tempo, agora é demolir e ver o que vai acontecer", afirmou.

Vera Vasconcelos, dona do restaurante Sabor de Pernambuco, há 18 anos na rua da Guia, acompanhou as muitas tentativas de resolução sobre o futuro do edifício. Também prejudicada pela interdição, Vera tem pensamento parecido com o de Fábio e vê na demolição uma oportunidade para o futuro, com a possível chegada de hoteis ou outro empreendimento que venha a engrandecer a região. 

"Estou com minha casa fechada, mas prejuízo maior é o medo que a gente tinha desse prédio desabar. A felicidade que a gente está tendo é ver nascer, daqui a uns três, quatro anos, um hotel, na nossa porta e a gente realmente tirar esse prejuízo, ficar feliz da vida, o bairro lindo, sem riscos. Com certeza, aqui vai nascer algo que vai nos ajudar bastante", disse. 

Em nota, a Prefeitura do Recife afirmou ter entrado em contato com os proprietários dos imóveis vizinhos e orientou em relação às próximas etapas do processo de demolição. 

Confira a nota na íntegra: 

"A interdição do entorno do imóvel número 88 da Rua da Guia se deu por razões de segurança, baseada em levantamento técnico da Secretaria Executiva de Defesa Civil. Atendendo a uma solicitação de vistoria após relatos de ruídos de estalos na edificação, foi realizada, nos últimos dias 5 e 6, uma vistoria técnica onde foi identificada a intensificação de problemas estruturais já notados em outras ocasiões, entre eles a inclinação da edificação. Diante do agravamento do caso, a Defesa Civil e a Secretaria Executiva de Controle Urbano isolaram o entorno com prismas de concreto. No laudo é recomendada a demolição, com urgência, do imóvel, de modo a salvaguardar a integridade física de transeuntes e das edificações do entorno.

O imóvel em questão tem um histórico de notificações por falta de manutenção, o que levou o município a ingressar na Justiça para que os proprietários realizassem, como prevê a lei, os devidos reparos na edificação. Ao longo dos anos, a Prefeitura seguiu todos os trâmites administrativos e judiciais para que o serviço de recuperação fosse realizado pelos proprietários. Considerando o elevado grau de comprometimento estrutural do imóvel, visualmente agravado ao longo dos anos pela ausência de manutenção mesmo após várias notificações por parte do poder público, a Defesa Civil avaliou como necessária a demolição da estrutura - pelo elevado risco estrutural, possibilidade de evolução acelerada das patologias prediais e elevado risco aos imóveis do entorno, veículos e transeuntes.

Atualmente, diante da urgência do caso, o poder público já está avaliando a forma mais segura de realizar a demolição, tendo comunicado os órgãos de preservação do patrimônio - em especial o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) - acerca da situação. Além disso, o Gabinete do Centro do Recife - RECENTRO estabeleceu contato com os comerciantes e empreendedores que têm estabelecimentos na área do perímetro de interdição no sentido de orientá-los quanto às próximas etapas do processo. Todos os proprietários de imóveis que estão dentro do perímetro da interdição foram contatados pelas Secretarias Executivas de Defesa Civil e Controle Urbano e alertados quanto à urgência, por questões de segurança, da desocupação da área pelo tempo que durar o serviço de demolição. A Prefeitura do Recife mantém a disposição de dialogar com a categoria, reiterando a importância de salvaguardar a integridade física das pessoas."

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