Prejuízos com atividades ilegais somaram R$ 336,8 bilhões ao país em 2021, aponta estudo
Ações como as de contrabando e pirataria impediram a criação de 535,7 mil vagas com carteira assinada no país
As atividades ilegais como contrabando, pirataria, sonegação e outros geraram um prejuízo econômico ao país de R$ 336,8 bilhões em 2021. O valor equivale ao PIB dos estados da Bahia e Sergipe somados. Além disso, o país deixou de gerar 535,7 mil empregos formais. Os números fazem parte do estudo “Brasil Ilegal em Números”, lançado nesta quinta-feira (4) pela Associação Comercial RJ, Fecomércio-RJ e Firjan, em cerimônia no Hotel Pestana Rio Atlântica, em Copacabana, no Rio.
O montante amargado pelo país se refere a um prejuízo direto às empresas, bem como à perda de arrecadação de impostos pelo governo. Do total de R$ 336,8 bilhões perdidos, R$ 95 bilhões referem-se a tributos não recolhidos pelos governos e que poderiam ser revertidos em ações para a sociedade.
O objetivo da pesquisa é sensibilizar a sociedade e discutir com empresários e autoridades possíveis soluções para o problema. Segundo as entidades, a cifra bilionária equivale ao total gasto com o auxílio emergencial em 2020 e 2021. É também quatro vezes maior que o custeio do programa Auxílio Brasil, criado pelo governo federal. E representa três vezes o orçamento do estado do Rio.
Para o presidente da Fecomércio RJ, Antonio Florencio de Queiroz Junior, o problema das atividades ilegais não impactam só a indústria e o comércio, mas a sociedade como um todo:
— Deixamos de criar mais de 525 mil empregos por conta desse problema, o que representa um terço da meta de geração de empregos do Brasil. Do número de pessoas que compraram produtos piratas, 60% se arrependeram - seja por conta da qualidade do produto ou qualquer desdobramento negativo que a compra do produto lhe trouxe -, de acordo com levantamento do nosso instituto de pesquisa.
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País deixou de gerar 535,7 mil empregos formais
Criado pelas associações, o "grupo de trabalho (GT) Rio Legal" avaliou o impacto negativo das atividades ilegais e consolidou dados de 16 setores econômicos, além dos serviços de infraestrutura, de energia e água.
O país deixou de gerar 535,7 mil empregos formais em 2021. Só no segmento de vestuário, 94 mil vagas deixaram de ser abertas.
Os valores dos prejuízos divididos pelas 16 atividades são: vestuário, R$ 60 bi; combustíveis, R$ 26 bi; cosméticos, R$ 21 bi; bebidas alcóolicas, R$ 17,6 bi; defensivos agrícolas, R$ 15,1 bi; TV por assinatura, R$ 15 bi; cigarros, R$ 13,3 bi; fármacos, R$ 9 bi; material esportivo, R$ 9 bi; óculos, R$ 8,5 bi; software, R$ 7,5 bi; celulares, R$ 4,3 bi; audiovisual (filmes), R$ 4 bi; perfumes importados, R$ 2 bi; PCs, R$ 1,6 bi; e brinquedos, R$ 810 milhões.
Na esfera dos serviços de infraestrutura, o grupo de trabalho contabilizou que os custos de furto de energia elétrica, conhecidos por “gatos”, atingiram a marca de R$ 6,5 bilhões no ano passado. O levantamento foi feito com base em dados do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2021.
Manifesto
A nota técnica das entidades culminou na formulação do “Manifesto de combate ao ‘Brasil Ilegal’. No documento, o grupo enfatiza a necessidade de ações coordenadas entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário para o enfrentamento às atividades ilegais. As entidades também defendem o engajamento do setor produtivo e da sociedade no desenvolvimento de ações de conscientização e combate à ilegalidade no país.