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ESTUDO

Presença de lítio em água de torneira pode aumentar em até 50% o risco de desenvolver autismo

Substância é comumente prescrita para depressão e transtorno bipolar, porém não é recomendado para mulheres grávidas

Este é o primeiro estudo a identificar o lítio na água como um possível fator de risco para o autismo Este é o primeiro estudo a identificar o lítio na água como um possível fator de risco para o autismo  - Foto: Freepik

Um estudo da Dinamarca encontrou uma ligação potencial entre a quantidade de lítio em água da torneira e o aumento de casos de autismo na população. Segundo os especialistas, mulheres grávidas que beberam essas águas carregadas com a substância química mostraram um risco aumentado em até 50% de seus filhos serem diagnosticados com autismo.

O lítio é atualmente usado em uma variedade de medicamentos devido aos seus efeitos estabilizadores do humor e uso no tratamento de mania. É normalmente prescrito para depressão e transtorno bipolar, mas as recomendações atuais afirmam que as pessoas que estão grávidas ou planejam engravidar não devem tomar lítio, pois pode aumentar a probabilidade de aborto espontâneo e anomalias no nascimento.

Embora tenha sido documentado que o lítio pode afetar o desenvolvimento fetal, se ele afeta o desenvolvimento neurológico dos fetos é pouco compreendido, apesar de pesquisas anteriores destacarem o lítio como um fator potencial em anomalias neurológicas e autismo.

Os pesquisadores analisaram dados de 151 abastecimentos públicos de água na Dinamarca e observaram quais fornecedores ofereceram água para grávidas durante o período de estudo. Antes da análise, havia 12.799 crianças diagnosticadas com autismo e 63.681 crianças sem a condição.
 

Depois de controlar as variáveis que podem afetar o risco de autismo, os pesquisadores descobriram que as taxas de autismo aumentaram com a quantidade de lítio na água. Em níveis mais baixos, os riscos ficaram entre 24 e 26% de desenvolver a condição, porém, em níveis mais altos da substância, as chances de os bebês desenvolver autismo saltaram para quase 50%. O risco foi maior nas áreas urbanas em comparação com as áreas rurais.

Os especialistas, entretanto, pedem cautela ao interpretar os dados e afirmam que estudos mais minuciosos precisam ser feitos para afirmar com veemência que o risco de autismo desses bebês está associado a níveis de lítio nas águas.

Os diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) variam muito, dependendo da disponibilidade dos serviços de saúde na área, e os pesquisadores não fornecem um mapa de localização para correlacionar os níveis de lítio com o acesso aos serviços de saúde mental.

“Qualquer contaminante da água potável que possa afetar o cérebro humano em desenvolvimento merece um exame minucioso. No futuro, as fontes antropogênicas de lítio na água podem se tornar mais difundidas devido ao uso e descarte de baterias de lítio em aterros sanitários com potencial de contaminação das águas subterrâneas. Os resultados do nosso estudo são baseados em dados dinamarqueses de alta qualidade, mas precisam ser replicados em outras populações e áreas do mundo”, afirma Beate Ritz, principal autora do estudo.

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