Preservar selva amazônica permite economizar US$ 2 bi em gastos com saúde, diz estudo
As micropartículas poluentes geradas pelas queimadas se dispersam em um raio de até 500 km
Proteger as terras indígenas do desmatamento na Amazônia brasileira evita doenças respiratórias e permite economizar até 2 bilhões de dólares por ano em gastos com saúde — calcula uma equipe de especialistas em um estudo publicado nesta quinta-feira (6) na Communications Earth & Environment.
Entre 2010 e 2019, os incêndios florestais geraram uma média de 1,68 tonelada de micropartículas por ano na Amazônia brasileira, afirma o estudo.
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O grupo de cientistas liderado por Paula Prist, chefe de pesquisa da ONG EcoHealth Alliance, comparou essa concentração de micropartículas e os dados de saúde da população da Amazônia. Com 5 milhões de km², esta área representa 59% do território brasileiro.
“Nossas estimativas indicam que, com a proteção dos territórios indígenas no Amazonas, poderiam ser evitados mais de 15 milhões de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares, com uma economia, apenas em gastos com saúde, de 2 bilhões de dólares por ano”, explica o texto.
A cifra de 15 milhões de casos evitados pressupõe que esses territórios permanecerão "virgens", explicou Prist, em um e-mail enviado à AFP.
Essas terras são legalmente protegidas, mas os incêndios continuam. Apenas entre maio e outubro de 2021, foram queimados 519 mil hectares de mata, ressalta o texto.
Segundo monitoramento por satélite, em fevereiro deste ano, 209 mil km² foram destruídos, o que significa um recorde para esse mês.
As micropartículas poluentes geradas pelas queimadas se dispersam em um raio de até 500 km. De acordo com o estudo, as regiões do sul e do oeste da Amazônia são as que sofrem as maiores concentrações dessa poeira.
Entre 2010 e 2019, registraram-se, anualmente, em torno de 142 mil problemas respiratórios e cardiovasculares nos 772 municípios da região amazônica, e mais de 168 mil casos, em territórios indígenas.
“Nossa modelagem indica que, para cada quilo [de micropartículas] adicionado, produziram-se 21 novas infecções em toda a Amazônia brasileira”, durante o referido período.
Cada hectare queimado representa um custo sanitário de 2 milhões de dólares, adverte o texto.
"Conservar a floresta amazônica pode trazer substanciais benefícios econômicos e de saúde", conclui o estudo.