Presidente Andrzej Duda é reeleito na Polônia
ADuda obteve 51,21% dos votos, contra 48,79% para o opositor liberal e prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski
O presidente conservador da Polônia, Andrzej Duda, derrotou o rival liberal e pró-europeu Rafal Trzaskowski no segundo turno e foi reeleito para um novo mandato de cinco anos - anunciou a Comissão Eleitoral nesta segunda-feira (13). Duda, grande aliado do presidente americano, Donald Trump, prometeu endurecer ainda mais a lei antiaborto e se declarou contrário ao que chamou de "ideologia LGTB", que segundo ele é "mais destrutiva que o comunismo".
A vitória foi apertada: Duda obteve 51,21% dos votos, contra 48,79% para o opositor liberal e prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, que prometia estreitar as relações do país com a União Europeia. O resultado consolida a posição do Partido Direito e Justiça (PiS), que está no poder desde 2015, mas a pequena margem do triunfo reforçará as críticas provocadas por suas polêmicas reformas judiciais, consideradas por muitos como ataques às liberdades democráticas.
"O presidente Duda foi reeleito. Mas não é uma vitória forte", declarou à AFP o cientista político Stanislaw Mocek, presidente do Collegium Civitas, ao mesmo tempo em que ressaltou que "os poloneses não optaram pela mudança proposta por Rafal Trzaskowski".
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"Apesar da derrota de Trzaskowski, seu bom resultado parece marcar um novo início, uma nova dinâmica para a oposição" opinou Andrzej Rychard, cientista político da Universidade de Varsóvia. "O resultado dá a Trzaskowski a possibilidade de virar uma figura-chave da oposição liberal", completou Rychard. Trzaskowski pertence ao principal partido de oposição centrista, Plataforma Cívica (PO).
Redução das liberdades
O governo conservador nacionalista do PiS é acusado pelos rivais de ter reduzido as liberdades democráticas conquistadas há três décadas, após a queda do comunismo. A eleição estava programada para maio, quando Duda tinha uma liderança folgada nas pesquisas, mas teve que ser adiada devido à pandemia de coronavírus, uma crise que levou o país à recessão pela primeira vez desde o fim do regime comunista.
O apoio a Duda - que prometeu manter as apreciadas ajudas sociais introduzidas pelo governo do PiS - foi grande nas zonas rurais e pequenas cidades do país, enquanto seu adversário conseguiu os melhores resultados nas zonas urbanas e ocidentais da Polônia, próximas da fronteira com a Alemanha.
No primeiro turno, em 28 de junho, Duda, de 48 anos, recebeu 43,5% dos votos quando a disputa tinha 10 candidatos. Trzaskowski ficou em segundo lugar com 30,4% dos votos.
Jurista conservador e eleito presidente em 2015, Duda raramente expressou oposição às iniciativas do partido Pis de Jaroslaw Kaczynski e promulgou sua generosa política social, assim como as reformas que fragilizam o Estado de direito. Quatro dias antes do primeiro turno da eleição presidencial, Duda se tornou o primeiro líder estrangeiro a visitar a Casa Branca desde o início da pandemia. Ele recebeu um elogio de Trump por seu "excelente trabalho".
E, antes do segundo turno, o ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, definiu as eleições como um "confronto entre duas visões da Polônia, uma branca e vermelha e outra da cor do arco-íris", em uma referência às cores da bandeira nacional e ao símbolo da comunidade LGBT.