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Presidente Arce descarta 'ceder' ante seguidores de Morales que querem 'incendiar' a Bolívia

Camponeses que apoiam o ex-presidente multiplicaram os bloqueios iniciados na segunda-feira para exigir "o fim da perseguição judicial" contra seu líder

O presidente da Bolívia, Luis Arce O presidente da Bolívia, Luis Arce  - Foto: Ronaldo Schemidt / AFP

O presidente da Bolívia, Luis Arce, alertou, nesta quinta-feira (17), que "não vai ceder" aos apoiadores de Evo Morales que "querem incendiar o país" com o bloqueio de estradas para evitar que o ex-presidente seja "processado criminalmente" por um caso de estupro quando exercia seu mandato.

"Vamos respeitar a estabilidade dos bolivianos (...) Não vamos ceder àqueles que querem incendiar o país para se proteger de acusações pessoais contra as quais devem mostrar a cara", disse Arce em um evento perante autoridades municipais em La Paz.

Camponeses que apoiam o ex-presidente, investigado pelo suposto abuso de uma menor, o que ele nega, multiplicaram os bloqueios iniciados na segunda-feira para exigir "o fim da perseguição judicial" contra seu líder.

"De nenhuma maneira vamos levantar este bloqueio porque este governo não nos escutou, não nos atendeu. Ao contrário, dedicou-se a atacar Evo Morales", disse à AFP Ponciano Colque, dirigente da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia.

Até o momento, foram reportadas 14 ocupações de estradas nos departamentos de Cochabamba (centro), Santa Cruz (leste) e Tarija (sul), seis a mais que na quarta-feira, segundo a estatal Autoridade Boliviana de Rodovias (ABC).

O departamento de Cochabamba, onde o ex-presidente de 64 anos tem sua base política, está isolado pelos protestos.

Os manifestantes enfrentaram a polícia, que tem usado bombas de gás lacrimogêneo para liberar alguns trechos rodoviários. Desde a segunda-feira foram detidos pelo menos seis manifestantes.

Embora os cortes de rodovias tenham começado com a finalidade de "resguardar a liberdade" de Morales, segundo as organizações próximas ao líder cocaleiro, os manifestantes agora miram no presidente Luis Arce pela crise provocada com a escassez de combustível e de dólares.

Em carta enviada ao presidente, várias organizações leais a Morales exigiram como condição para um diálogo "o fim da perseguição judicial" contra seu líder, assim como seu reconhecimento como candidato governista.

Morales enfrenta uma possível prisão depois que se negou a depor na Promotoria, na semana passada, pelos supostos crimes de estupro e tráfico de pessoas.

O Ministério Público afirmou que preparava uma ordem de captura contra ele, mas depois não voltou a se pronunciar.

Morales qualifica este caso como "mais uma mentira", pois o caso já tinha sido investigado e arquivado em 2020.

O líder indígena, que governou entre 2006 e 2019, acusa o governo de seu ex-ministro de reativar o caso judicial para tirá-lo da disputa presidencial para as eleições de 2025.

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