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América do Sul

Presidente Boluarte invoca pacto de reconciliação no Peru em meio a protestos em Lima

Boluarte, que assumiu o poder em 7 de dezembro após a destituição e prisão do então mandatário, Pedro Castillo, pediu perdão pelas dezenas de vítimas

A presidente peruana, Dina Boluarte A presidente peruana, Dina Boluarte  - Foto: Cris Bouroncle / AFP

A presidente do Peru, Dina Boluarte, invocou, nesta sexta-feira (28), um pacto de reconciliação em sua primeira mensagem à nação no Congresso, em meio a novas mobilizações contra seu governo que foram reprimidas pela polícia em Lima.

Boluarte, que assumiu o poder em 7 de dezembro após a destituição e prisão do então mandatário, Pedro Castillo, pediu perdão pelas dezenas de vítimas, entre mortos e feridos, registradas nos protestos que eclodiram após a queda de seu antecessor.

"Com profunda e dolorosa consternação, peço perdão, em nome do Estado, aos familiares de todos os falecidos, civis, policiais e militares", assinalou a presidente.

Boluarte se dirigiu à nação por mais de três horas na sede do Parlamento, sob forte esquema de segurança, devido às marchas convocadas por grupos de esquerda aos gritos de "Dina, o povo lhe repudia".

Em meio à mobilização de dezenas de manifestantes, Boluarte pediu um pacto de "reconciliação por vida, paz, justiça e igualdade".

"Chamo à grande reconciliação nacional entre todos os peruanos, com a certeza de que nenhuma diferença ideológica ou de opinião, por mais profunda e intensa que seja, pode nos levar a conviver em uma sociedade de inimigos", insistiu a presidente.

Expulsão de estrangeiros
Boluarte, que em princípio governará até 2026, após a rejeição do Congresso de antecipar as eleições, prometeu justiça pela morte de opositores durante os protestos que comoveram o país entre dezembro e fevereiro.

"Não haverá impunidade para ninguém neste caso", indicou taxativamente a presidente.

Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), durante as últimas manifestações, a polícia se excedeu no uso da força e supostamente cometeu execuções. Cerca de 50 pessoas morreram, a maioria por fogo real, na região de Puno, perto da fronteira com a Bolívia.

Nesta sexta, grupos de manifestantes voltaram a clamar por justiça.

"Massacraram meu filho de apenas 18 anos [...] Estamos aqui para exigir justiça, mas não vamos tê-la se esta senhora não sair", disse à AFP Rosa Luque, mãe de Heliot Arizaca, uma das vítimas da repressão na cidade de Juliaca, em Puno.

As marchas se concentraram no entorno do Congresso, e tiveram menor adesão que as de quarta-feira, quando a oposição retomou os protestos contra o governo depois de cinco meses.

Entretanto, em sua mensagem à nação, Boluarte também colocou ênfase no combate à insegurança e pediu ao Congresso que lhe dê faculdades extraordinárias para expulsar os estrangeiros envolvidos em crimes, em alusão especial aos venezuelanos que, segundo as autoridades, comandam o crime organizado.

"Vamos incorporar, no Código Penal, [...] a figura da expulsão, em casos de flagrante. Assim, cobriremos um vazio que existia em nossa legislação", frisou Boluarte.

 

cm-vel/gm/rpr/am

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