Presidente da China recebe Putin em Pequim
Xi e Putin, se consideram "amigos queridos"
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi recebido nesta terça-feira (17) pelo homólogo e "amigo querido" Xi Jinping, durante o encontro de cúpula sobre as "Novas Rotas da Seda" em Pequim, um fórum ofuscado parcialmente pelo conflito entre Israel e o movimento palestino Hamas.
"O presidente Xi Jinping saudou o presidente Vladimir Putin em sua chegada, os dois líderes tiveram uma breve conversa", informou a diplomacia russa na rede social X.
A China recebe esta semana os representantes de 130 países para uma reunião do projeto-chave do governo Xi, as Novas Rotas da Seda, cujo nome oficial é Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), um programa de desenvolvimento de infraestruturas que permitiu a Pequim ampliar sua influência global.
Putin lidera a lista de convidados e deve se reunir novamente na quarta-feira (18) com o homólogo chinês, em sua primeira visita a uma potência mundial desde o início da invasão da Ucrânia, conflito que deixou seu país isolado internacionalmente.
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"Durante as conversas, uma atenção especial será reservada aos temas internacionais e regionais", afirmou o Kremlin, sem revelar mais detalhes.
A missão de Putin é fortalecer uma relação já sólida com Pequim, na qual Moscou é cada vez mais o sócio de menor influência.
O presidente russo se reuniu nesta terça-feira na capital chinesa com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que faz todo o possível para manter os vínculos com Moscou, apesar da guerra na Ucrânia. Putin expressou satisfação por ter a Hungria como interlocutor na Europa.
"Todas as cartas"
Analistas descartam grandes surpresas durante a visita de Putin à China, que é encarada mais como um gesto simbólico de apoio a Moscou.
"A Rússia tem consciência de que a China não deseja assinar nenhum acordo importante", afirmou à AFP Alexander Gabuev, diretor do Centro Carnegie para Rússia e Eurásia.
"A China tem todas as cartas na mão".
Apesar da reunião dos líderes durante o encontro de cúpula da BRI, a atenção mundial estará voltada para a guerra de Israel contra a organização islâmica Palestina Hamas.
Israel declarou guerra contra o Hamas depois que combatentes do grupo invadiram o território israelense em 7 de outubro e mataram mais de 1.400 pessoas, em sua maioria civis.
Os bombardeios israelenses em represália deixaram pelo menos 2.750 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo as autoridades palestinas.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu ao ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, que use a influência de Pequim no Oriente Médio para acalmar a situação.
A China tem relações próximas com o Irã, cujos líderes apoiam o Hamas e o Hezbollah libanês, que poderia iniciar uma segunda frente de batalha contra Israel.
O enviado especial de Pequim, Zhai Jun, viajará ao Oriente Médio durante a semana para propor um cessar-fogo e negociações de paz, informou o canal estatal chinês CCTV, sem revelar detalhes sobre os países que serão visitados.
Encontro de "amigos"
Xi se reuniu nesta terça-feira, no início da cúpula, com os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, informou a imprensa estatal.
Putin e Xi discutirão as relações bilaterais em sua totalidade no encontro de quarta-feira, afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, durante um encontro com o homólogo chinês.
O ministro Wang disse que a China "aprecia" o apoio da Rússia ao projeto das Novas Rotas da Seda.
"Ambas as partes devem planejar atividades comemorativas, aprofundar a confiança mútua estratégica, consolidar a amizade tradicional e promover a amizade de geração em geração", disse o chefe da diplomacia chinesa.
Os dois países têm uma relação próxima, na qual a China valoriza o papel da Rússia como bastião contra o Ocidente, enquanto Moscou depende cada vez mais do apoio comercial e geopolítico de Pequim.
"Desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, o país ficou em uma posição de dependência sem precedentes da China", destacou Bjorn Alexander Duben, da Universidade de Jilin, na China.
O eixo da aliança é a relação pessoal de Xi e Putin, que se consideram "amigos queridos".
"O presidente Xi Jinping me chama de amigo e eu também o chamo de amigo", disse Putin ao canal estatal chinês CGTN antes da viagem, segundo um comunicado do Kremlin.