América Latina

Presidente da Costa Rica alerta para eventual 'grande crise' na América Latina por guerra na Ucrânia

O presidente costarriquenho destacou que o aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes que podem tornar o cultivo de alimentos "inviável"

O presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, posa durante uma sessão de fotos na embaixada da Costa Rica em Paris, em 31 de março de 2022O presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, posa durante uma sessão de fotos na embaixada da Costa Rica em Paris, em 31 de março de 2022 - Foto: Stephanie Sakutin / AFP

O presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, alertou nesta quinta-feira (31), em entrevista à AFP, que a guerra na Ucrânia pode gerar uma "grande crise" na América Latina e pediu o fim do conflito. 

"A invasão, contrária ao direito internacional, obviamente gera morte e dor na Ucrânia, mas também tem potencial para gerar uma grande crise na América Latina", disse Alvarado em Paris, durante uma viagem à Espanha e à França. 

O chefe de Estado costarriquenho, que deixará o poder em 8 de maio, destacou o aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes que podem tornar o cultivo de alimentos "inviável" e gerar desemprego. 

Se os combustíveis forem subsidiados, por exemplo, isso pode aumentar a pressão sobre a dívida pública dos países da região, o que "também pode aproximá-los de uma crise", explicou.

Num contexto de saída da pandemia do coronavírus, Alvarado lembrou ainda dos "distúrbios sociais" que alguns países latino-americanos registaram nos últimos anos "por diferentes fatores". 

"De todos os pontos de vista, é desejável que o conflito termine: está gerando a morte de pessoas na Ucrânia, a morte de soldados de ambos os lados, impactos na Europa, mas o mundo em desenvolvimento também está sofrendo", ressaltou.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertou que a invasão russa da Ucrânia provoca uma onda de choque que desencadeia o custo de alimentos e energia, com impactos "substanciais" em alguns casos. 

O choque é generalizado em uma região que tem uma taxa de inflação média anual de 8%, com extremos de mais de 50% na Argentina, mais de 10% - e em ascensão - no Brasil, além da hiperinflação endêmica na Venezuela. 

Durante a entrevista à AFP, o presidente costarriquenho também destacou a "terrível deterioração democrática" na vizinha Nicarágua e estimou que a comunidade internacional foi "categórica em criticá-la, embora talvez não tão insistente". 

"O que cabe à comunidade internacional é patrocinar [...] uma solução para os nicaraguenses, ou seja, que haja diálogo e que haja saída", disse Alvarado, que defendeu suas ações diplomáticas desde sua chegada ao poder em 2018. 

"Nós levantamos nossa voz. Procuramos meios para que a necessidade de manter em mente a situação crítica da Nicarágua não perca validade", disse.

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