Presidente da Costa Rica alerta para eventual 'grande crise' na América Latina por guerra na Ucrânia
O presidente costarriquenho destacou que o aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes que podem tornar o cultivo de alimentos "inviável"
O presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, alertou nesta quinta-feira (31), em entrevista à AFP, que a guerra na Ucrânia pode gerar uma "grande crise" na América Latina e pediu o fim do conflito.
"A invasão, contrária ao direito internacional, obviamente gera morte e dor na Ucrânia, mas também tem potencial para gerar uma grande crise na América Latina", disse Alvarado em Paris, durante uma viagem à Espanha e à França.
O chefe de Estado costarriquenho, que deixará o poder em 8 de maio, destacou o aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes que podem tornar o cultivo de alimentos "inviável" e gerar desemprego.
Se os combustíveis forem subsidiados, por exemplo, isso pode aumentar a pressão sobre a dívida pública dos países da região, o que "também pode aproximá-los de uma crise", explicou.
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Num contexto de saída da pandemia do coronavírus, Alvarado lembrou ainda dos "distúrbios sociais" que alguns países latino-americanos registaram nos últimos anos "por diferentes fatores".
"De todos os pontos de vista, é desejável que o conflito termine: está gerando a morte de pessoas na Ucrânia, a morte de soldados de ambos os lados, impactos na Europa, mas o mundo em desenvolvimento também está sofrendo", ressaltou.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertou que a invasão russa da Ucrânia provoca uma onda de choque que desencadeia o custo de alimentos e energia, com impactos "substanciais" em alguns casos.
O choque é generalizado em uma região que tem uma taxa de inflação média anual de 8%, com extremos de mais de 50% na Argentina, mais de 10% - e em ascensão - no Brasil, além da hiperinflação endêmica na Venezuela.
Durante a entrevista à AFP, o presidente costarriquenho também destacou a "terrível deterioração democrática" na vizinha Nicarágua e estimou que a comunidade internacional foi "categórica em criticá-la, embora talvez não tão insistente".
"O que cabe à comunidade internacional é patrocinar [...] uma solução para os nicaraguenses, ou seja, que haja diálogo e que haja saída", disse Alvarado, que defendeu suas ações diplomáticas desde sua chegada ao poder em 2018.
"Nós levantamos nossa voz. Procuramos meios para que a necessidade de manter em mente a situação crítica da Nicarágua não perca validade", disse.