ONU

Presidente da Turquia, Erdogan compara Netanyahu a Hitler e diz na ONU que premier deve ser detido

Crítico vocal da ofensiva israelense no enclave palestino, mandatário turco seguiu outros líderes mundiais e também pediu por um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, discursa durante a 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU, em Nova YorkO presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, discursa durante a 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU, em Nova York - Foto: Angela Weiss/AFP

Em discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, criticou o órgão pela inação na Faixa de Gaza, acusando Israel de transformar o território palestino no “maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.

Erdogan ainda demonstrou apoio ao Líbano, onde o Estado judeu realizou ataques em larga escala contra o grupo xiita Hezbollah, e criticou o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por arrastar a região do Oriente Médio “para uma guerra ainda maior”.

— Não são apenas as crianças, mas também o sistema da ONU que está morrendo em Gaza. Eu pergunto abertamente: organizações de direitos humanos, as pessoas em Gaza e na Cisjordânia não são seres humanos? — questionou, criticando o Conselho de Segurança das Nações Unidas por não ter ordenado a cessação dos combates, reiterando que “o mundo é maior que cinco”, uma referência aos cinco membros permanentes do Conselho, que incluem os EUA, o maior aliado de Israel. — O que vocês estão esperando para impedir o genocídio em Gaza?

Sobre a mais recente onda de ataques mortais de Israel no Líbano, que deixou pelo menos 558 mortos e mais de 1,8 mil feridos, Erdogan questionou mais uma vez “o que mais estão esperando para parar a rede de massacres”.

Crítico vocal da ofensiva israelense no enclave palestino, ele pediu por um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, onde as autoridades afirmam que cerca de 41,4 mil pessoas foram mortas em quase um ano de guerra.

O turco ainda solicitou que a comunidade internacional parasse “Netanyahu e sua rede de assassinato”, comparando o premier a Adolf Hitler, o ditador da Alemanha nazista.

— Aqueles que supostamente estão trabalhando por um cessar-fogo continuam enviando armas e munições para Israel, para que possam continuar seus massacres — disse Erdogan, falando após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que havia pedido um cessar-fogo.

— Assim como Hitler foi detido pela aliança da humanidade há 70 anos, Netanyahu e sua rede de assassinato devem ser detidos pela ‘aliança da humanidade’. Um cessar-fogo imediato e permanente deve ser alcançado, uma troca de prisioneiros-reféns deve ser realizada, e a ajuda humanitária deve ser entregue a Gaza de forma livre e contínua.

A sessão na sede das Nações Unidas foi marcada pelo medo crescente de que uma guerra regional ocorra no Oriente Médio.

Os temores de que o conflito pudesse se expandir na região aumentaram na última semana, após sucessivos ataques israelenses no Líbano. Nesse contexto, quem também aproveitou o discurso na Assembleia Geral da ONU para criticar Netanyahu foi o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que rompeu as relações diplomáticas com Israel em maio deste ano.

Durante sua fala nesta terça-feira, o colombiano chamou o primeiro-ministro de “criminoso” pelo que ele descreveu como o “genocídio em Gaza”.

— Netanyahu é um herói para o 1% mais rico da humanidade, porque é capaz de mostrar que os povos podem ser destruídos sob as bombas. No mundo, existe uma lógica de ‘destruição em massa’, desencadeada pela crise climática e pela lógica das bombas lançadas por um criminoso como Netanyahu sobre Gaza — afirmou Petro. — Se pedimos que a dívida seja trocada por ação climática, as minorias poderosas não nos escutam. Se pedimos que parem as guerras para que possamos nos concentrar na transformação rápida da economia mundial, para salvar a vida e a espécie humana, também não nos escutam — lamentou.

Em seu último discurso perante a Assembleia Geral da ONU como chefe de Estado americano, Biden, por sua vez, afirmou que é chegada a hora de colocar um fim na guerra entre Israel e Hamas em Gaza e desescalar as tensões regionais no Oriente Médio.

Aos 81 anos, o democrata, que decidiu desistir da tentativa de reeleição nos Estados Unidos, afirmou que está trabalhando para “levar grandes medidas de paz e estabilidade” para a região. Ele relembrou o ataque sem precedentes de 7 de outubro, quando o grupo terrorista Hamas invadiu o sul israelense e matou 1,2 mil pessoas, sequestrando outras 250.

— Qualquer país teria o direito de garantir que um ataque como aquele não acontecesse novamente — disse Biden, defendendo o direito de defesa de Israel, lembrando as vítimas civis do atentado e apontando o Hamas como responsável por começar a guerra. — Agora é tempo das partes finalizarem os termos [de um acordo], trazer os reféns para casa, garantir a segurança de Israel e de Gaza, livre do Hamas.

Washington tenta servir como mediador da situação no Oriente Médio, atuando como um interlocutor entre Israel e Hamas.

Biden tem tentado há meses emplacar uma proposta de cessar-fogo em etapas, envolvendo a libertação dos reféns israelenses em Gaza e a retirada das tropas do Estado judeu do território palestino.

Até o momento, não houve consenso. Embora o democrata tenha cobrado o governo israelense pelos ataques contra o enclave palestino ao longo da guerra, os EUA se mantém como apoio estratégico de Israel.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o uso da força “sem amparo” virou regra no mundo e disse que a guerra se expande “perigosamente” para o Líbano.

O brasileiro citou ainda o que chamou de “triste recorde” do maior número de conflitos em andamento no mundo e ressaltou que os recursos gastos com armas poderiam ser direcionados para o combate à fome e ao enfrentamento da crise climática.

— Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano. O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo.

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