Presidente de Israel diz que 7 de outubro foi um alerta e questiona: "Podemos confiar em alguém?"
Em entrevista à BBC, Isaac Herzog defendeu operações militares na Faixa de Gaza e insistiu que Israel está "muito focado" na redução das vítimas civis
O presidente israelense, Isaac Herzog, defendeu nesta quarta-feira (1º) as operações militares do país na Faixa de Gaza em entrevista à BBC, e insistiu que Israel está “muito focado” na redução das vítimas civis no conflito. Herzog ainda falou sobre seus encontros com as famílias dos reféns, que descreveu como “os mais difíceis que já teve na vida” e disse que a “nação está em grande agonia”.
— O povo de Israel está sofrendo uma dor profunda sem precedentes, estamos de luto. Somos uma nação diferente em muitos aspectos — afirmou. — Neste momento, em Israel, o debate psicológico e emocional sobre como avançar é muito forte. O dia 7 de outubro foi um alerta para Israel. A realidade destruiu nossas crenças. Vendo essas atrocidades, nos perguntamos: podemos confiar em alguém?
Leia também
• Governo fará apelos para saída de brasileiros de Gaza; 'Nossa esperança é diária', diz embaixador
• Chefe da ONU 'horrorizado' com bombardeio no campo de refugiados de Gaza
• ONU denuncia nova 'atrocidade' no campo de refugiados de Jabaliya, em Gaza
Questionado sobre os dados da ONU de que quase 70% das mais de 8.600 mortes em Gaza são de mulheres e crianças, Herzog respondeu que ninguém quer que sejam elas a pagar o preço da guerra.
— Israel está lutando contra um inimigo implacável que cometeu atrocidades horríveis — afirmou, acusando o grupo terrorista de disparar foguetes a partir do interior de edifícios residenciais.
Na entrevista à BBC, Herzog também negou relatos de que Israel ainda esteja bombardeando o sul de Gaza, para onde a ONU afirma que mais de um milhão de palestinos fugiram depois que o governo israelense os alertou para que deixassem o norte do enclave.
— Honestamente, a zona designada no sul é uma área segura — disse o presidente, desmentindo relatos da ONU sobre novos ataques. — Operamos de acordo com as regras do direito internacional, pedindo às pessoas que saíssem para uma zona segura, fizemos alertas e as ajudamos a se deslocar.
O presidente israelense disse ainda que está em contato diário com os EUA, o Reino Unido e outros aliados ocidentais para enviar mais ajuda humanitária a Gaza. Questionado sobre os apelos constantes de Washington para agir com moderação, respondeu que isso é algo que “não pode ser medido em números”.
Nos últimos dias, vizinhos árabes de Israel, incluindo os países com os quais assinou tratados de paz, alertaram que o aumento do número de vítimas civis em Gaza empurraria a região para um conflito muito mais amplo.
— Nós os ouvimos e os respeitamos, mas a primeira coisa a fazer é cuidar dos nossos cidadãos.