Níger

Presidente deposto do Níger reaparece ao lado de líder do Chade em foto publicada nas redes sociais

Militares golpistas acusaram a França de tentar 'intervir militarmente' no país; partido de oposição ao golpe denuncia detenção de ministros

Presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum (à direita), posa ao lado do líder do Chade, Mahamat Idriss Déby ItnoPresidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum (à direita), posa ao lado do líder do Chade, Mahamat Idriss Déby Itno - Foto: Facebook / AFP

O presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, reapareceu, pela primeira vez, desde o golpe militar que o deixou isolado no palácio presidencial de Niamei, em uma foto ao lado do líder do Chade, Mahamat Idriss Déby Itno. A imagem foi publicada no Facebook de Itno, que também se reuniu com os chefes militares golpistas, em um esforço para mediar negociações entre os dois grupos.

Nesta segunda-feira (31), os militares que deram o golpe no Níger acusaram a França — que foi potência colonizadora na região e tem tropas no país — de querer "intervir militarmente". A pressão contra os militares, que tomaram o poder em 26 de julho, é cada vez maior, tanto dos aliados ocidentais como de vizinhos africanos do Níger, um país estratégico para a luta contra grupos extremistas que atuam na região do Sahel, compreendida entre o deserto do Saara e a savana do Sudão.

Bazoum está detido desde quarta-feira no palácio presidencial. Na sexta-feira, o general Abdourahamane Tiani, chefe da Guarda Presidencial, se autoproclamou o novo líder do país. Tiani justificou o golpe pela "deterioração da situação de segurança" no país, devastado pela violência de grupos jihadistas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda.

França e Estados Unidos mantêm, respectivamente, 1.500 e 1.100 soldados mobilizados para participar do combate aos extremistas. Os militares que tomaram o poder concentraram as críticas na França, que expressou apoio ao presidente Bazoum.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou, no domingo, que ordenaria "represálias de maneira imediata" em caso de ataques contra cidadãos franceses ou contra os interesses do país no Níger.

Os líderes e representantes da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciaram, também no domingo, um ultimato de uma semana à junta militar para restabelecer a "ordem constitucional" e não descartaram o uso da força caso isto não aconteça. O organismo regional, do qual o Níger é membro, também decidiu suspender todas as transações comerciais e financeiras entre os integrantes e Niamei, assim como congelar os bens das autoridades militares envolvidas no golpe.

O primeiro-ministro nigeriano, Ouhoumoudou Mahamadou, declarou ao canal France24 que as sanções serão uma “catástrofe" econômica e social. O Partido para a Democracia e Socialismo do Níger (PNDS, no poder) denunciou as "detenções abusivas" de quatro ministros — Interior, Petróleos, Minas e Transportes —, além de um ex-ministro e do líder do partido, em comunicado enviado à AFP nesta segunda. Fontes próximas à Presidência também relataram a prisão do ministro do Ensino Superior.

A União Europeia (UE) advertiu, nesta segunda-feira, que os golpistas serão responsabilizados por "qualquer ataque contra civis, funcionários ou instalações diplomáticas". Já a Alemanha anunciou a suspensão de cooperação e financiamento a Niamei, dois dias depois da França fazer o mesmo.

Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pediu moderação e o "restabelecimento o mais rápido possível da legalidade no país".

Depois do Mali e de Burkina Faso, o Níger é o terceiro país da região a sofrer um golpe de Estado desde 2020. Com 20 milhões de habitantes, é uma das nações mais pobres do mundo, apesar de ter recursos em urânio.

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