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Presidente do Equador designa vice-presidente interina em meio à crise política

A vice-presidente nomeada possui mestrado em economia com experiência em desenvolvimento e implementação de planejamento estratégico e operacional de programas e projetos públicos

O presidente eleito do Equador, Daniel Noboa (E), e a vice-presidente eleita, que está em suspensão, por cinco meses, Verônica AbadO presidente eleito do Equador, Daniel Noboa (E), e a vice-presidente eleita, que está em suspensão, por cinco meses, Verônica Abad - Foto: Rodrigo Buendia / AFP

O governo do Equador designou, nesta segunda-feira (11), a ministra do Planejamento, Sariha Moya, como vice-presidente interina em meio a uma crise política devido à suspensão, por cinco meses, da titular Verónica Abad, que mantém uma relação tensa com o presidente Daniel Noboa.

Moya "será a nova vice-presidente encarregada no governo de Daniel Noboa", disse o Poder Executivo em comunicado, após a suspensão de Abad ordenada no sábado pelo Ministério do Trabalho devido ao "abandono injustificado" de suas funções, o que representa uma "violação grave" na lei do funcionalismo público.

O Executivo afirmou que Moya, responsável pela Secretaria Nacional de Planejamento, foi nomeada de acordo com a Constituição.

O artigo 150 da Carta Magna estabelece que "em caso de ausência temporária de quem exerce a Vice-presidência da República, corresponderá a substituição da ministra ou do ministro de Estado designado pela Presidência da República".

"Com sua experiência e compromisso, serão mantidos os eixos de trabalho alinhados com o Governo Nacional", acrescentou o comunicado.

Noboa e Abad, ambos empresários e com pouca experiência política, foram a surpresa na eleições antecipadas de 2023, ao serem eleitos em binômio, e têm tido uma relação tensa desde a campanha eleitoral.

Pouco depois de assumir o cargo em novembro daquele ano, o presidente, de 36 anos e que se define como sendo de centro-esquerda, nomeou sua vice para o cargo de embaixadora em Israel.

Em setembro, diante de uma escalada no conflito em Israel, Abad foi para a Turquia por segurança.

Para sua suspensão, a pasta do Trabalho argumentou que a funcionária deveria ter se estabelecido em Ancara até 1º de setembro, mas chegou cinco dias depois.

A sede presidencial declarou em comunicado que "Moya mostrou uma trajetória exemplar no serviço público, com uma sólida formação na gestão pública e um profundo compromisso com o bem-estar de todos os equatorianos".

A vice-presidente nomeada possui mestrado em economia com experiência em desenvolvimento e implementação de planejamento estratégico e operacional de programas e projetos públicos, segundo seu gabinete.

"Violação grosseira" 
No domingo, Abad classificou a decisão de suspendê-la como uma "violação grosseira".

"Após tantos ataques contra mim por parte do presidente Daniel Noboa, seus ministros e o círculo próximo, denuncio que voltaram a executar uma violação grosseira à Constituição e às leis equatorianas", declarou a vice-presidente suspensa em um vídeo compartilhado nas redes sociais.

Segundo Abad, para sua sanção, foi considerado "uma violação não cometida e sem nenhuma prova, com o único objetivo de que eu não assuma a Presidência da República quando o presidente entrar em sua campanha" eleitoral.

Noboa buscará a reeleição nas eleições gerais de fevereiro para o mandato de 2025-2029, no qual lidera as intenções de voto, de acordo com as pesquisas.

A campanha começará em janeiro e, desta vez, sua companheira de chapa será María José Pinto, atual secretária do programa governamental contra a desnutrição infantil.

A lei equatoriana estabelece que um presidente em exercício pode fazer campanha para reeleição, desde seu vice-presidente assuma o poder temporariamente.

A mudança de Abad, de 47 anos, para Israel piorou o relacionamento com Noboa.

A vice-presidente tornou-se uma forte crítica do governo e protestou contra o que considera como "perseguição" contra ela após a prisão de um filho por suposto tráfico de influência. O Ministério Público também incluiu a funcionária na investigação, mas o Poder Legislativo não autorizou um julgamento criminal contra ela.

"Utilizando argumentos típicos de uma ditadura, o presidente Daniel Noboa e seus ministros prepararam organizadamente a ruptura da ordem constitucional e o evidente golpe de Estado que se prepara (...) para assumir a sucessão presidencial e desta forma tentar garantir a reeleição", disse Abad no domingo.

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