Guerra no oriente médio

Presidente do Irã acusa Israel de tentar ampliar o conflito no Oriente Médio

Masoud Pezeshkian fez sua estreia na ONU num momento em que o Estado judeu bombardeia posições do grupo xiita libanês Hezbollah, apoiado por Teerã

O presidente do Irã, Masoud PezeshkianO presidente do Irã, Masoud Pezeshkian - Foto: Atta Kenare/AFP

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, acusou, nesta segunda-feira (23), Israel de tentar ampliar o conflito no Oriente Médio e negou que seu país esteja desestabilizando a região.

A declaração foi feita durante uma mesa redonda com jornalistas na sede das Nações Unidas, em Nova York. Pazeshkian, que é considerado moderado e que assumiu em julho, fez sua estreia na ONU num momento em que o Estado judeu bombardeia o Líbano após uma onda de ataques realizados na semana passada contra o grupo xiita Hezbollah, apoiado pelo Irã.

As tensões aumentaram após sua posse, devido ao assassinato em Teerã do chefe político do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, numa operação atribuída a Israel. Pezeshkian mencionou os apelos do Ocidente para que o Irã não receba represálias, a fim de não colocar em risco os esforços dos Estados Unidos para alcançar um cessar-fogo na guerra em Gaza.

Sem responder diretamente se o Irã responderia de forma mais direta a Israel, ele afirmou ter ouvido “repetidamente” que a paz estava perto de ser alcançada, mas que ela nunca foi concretizada.

— Sabemos melhor do que ninguém que, se uma guerra estourar no Oriente Médio, ninguém no mundo se beneficiará. É Israel que está tentando criar um conflito mais amplo — disse. — A cada dia, Israel comete mais atrocidades e mata mais e mais pessoas: idosos, jovens, homens, mulheres, crianças, hospitais, outras instalações. Sempre ouvimos que o Hezbollah disparou um foguete. Se o Hezbollah nem ao menos fizesse o mínimo, quem os defenderia? Curiosamente, continuam nos rotulando como os responsáveis pela insegurança.

O Irã também apoia abertamente o Hamas, cujo ataque de 7 de outubro resultou na morte de 1.205 pessoas, em sua maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.

A ofensiva militar de represália de Israel matou pelo menos 41.455 pessoas em Gaza, a maioria delas civis, segundo estimativas da ONU. Em outra frente, Israel e Hezbollah têm trocado fogo desde o início da guerra em Gaza, quando o grupo xiita começou a disparar foguetes em solidariedade aos palestinos e ao Hamas.

A tensão disparou entre o Estado judeu e o Líbano após uma semana de ataques no território libanês que causaram dezenas de mortos e milhares de feridos. Entre a última terça e quarta-feira, explodiram centenas de aparelhos pager e walkie-talkies que os membros do Hezbollah usavam para se comunicar.

Posteriormente, na sexta-feira, um bombardeio israelense matou em Beirute Ibrahim Aqil, um alto comandante da organização político-militar libanesa, e cerca de 50 pessoas, entre elas outros membros do grupo. O Hezbollah, por meio de seu líder máximo, Hasan Nasrallah, prometeu uma “punição justa”.

Nesta segunda-feira, uma onda inédita de bombardeios israelense no Líbano matou, em poucas horas, pelo menos 270 pessoas, incluindo um número indeterminado de crianças, mulheres e trabalhadores de saúde, segundo o Ministério da Saúde libanês.

Em apenas um dia, o número de vítimas passou a ser o equivalente à média de mortes registradas no país a cada dois meses desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Tanto o Estado judeu quanto o grupo xiita Hezbollah já falam em uma “nova fase” do conflito.

O Ministério da Saúde do Líbano afirmou que, além dos mortos, mais de 1 mil ficaram feridas durante os bombardeios israelenses, sobretudo no sul do país.

De acordo com o órgão, 39 mulheres e 21 crianças estão entre os mortos, além de trabalhadores de saúde. As Forças Armadas de Israel afirmam que mais de 800 alvos foram bombardeados, mencionando que detonações secundárias, após os bombardeios, confirmam que os alvos seriam depósitos de armas do Hezbollah.

Segundo análise da BBC, o temor é de que a escalada atual seja o prelúdio de uma ofensiva mais ampla, que poderia incluir uma invasão terrestre no sul do Líbano para afastar os combatentes da fronteira. Israel pode ter a expectativa de que, com a pressão, o grupo libanês recue — algo que parece improvável até agora.

Apesar de enfraquecido, o grupo permanece desafiador. Em discurso no funeral de altos comandantes mortos nos ataques da semana passada, o número dois do Hezbollah, Naim Qassem, disse que o grupo não seria dissuadido – e prometeu continuar com as ofensivas contra Israel até que ocorra um cessar-fogo em Gaza.

No fim de semana, centenas de foguetes foram disparados contra o norte de Israel, forçando o Estado judeu a fechar o espaço aéreo de parte do país. E, no domingo, o grupo disparou cerca de 150 foguetes, mísseis de cruzeiro e drones, atingindo uma área civil perto de Haifa, a terceira cidade mais importante do país.

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