Presidente do México não irá à Cúpula das Américas se EUA excluírem algum país
Reunião acontecerá entre os dias 8 e 10 de junho em Los Angeles
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, advertiu, nesta terça-feira (10), que não assistirá à Cúpula das Américas e enviará um delegado, se os Estados Unidos decidirem excluir algum país da região.
"Se algum [país] for excluído, se não forem todos convidados, um representante do governo do México irá, mas eu não irei. Serei representado pelo chanceler [Marcelo Ebrar]", disse o presidente mexicano durante sua tradicional coletiva de imprensa matinal.
"Não quero que continue a mesma política na América, e quero, de fato, fazer valer a independência e a soberania e me manifestar pela fraternidade universal. Não estamos para o confronto, estamos para a fraternidade", declarou, admitindo que o seu não comparecimento seria uma forma de protesto.
Consultada em Washington sobre as declarações de López Obrador, a secretária de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, assinalou que os convites para a cúpula "ainda não foram enviados" e se absteve de confirmar se Cuba, Nicarágua e Venezuela serão excluídas do encontro.
No domingo (8), durante uma visita a Cuba, López Obrador afirmou que insistiria com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para que convidasse todo os países do continente para a cúpula, que acontece entre os dias 8 e 10 de junho em Los Angeles.
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"Temos uma relação muito boa com o presidente Biden, o consideramos um homem bom [...], mas ainda existe esse atraso de uma política intervencionista que se arrasta por mais de dois séculos", afirmou hoje López Obrador, que conversou com Biden por telefone em 29 de abril.
A Cúpula das Américas terá como temas principais a crise migratória, a mudança climática, a Covid-19 e a "luta por liberdade e democracia", comentou Psaki.
Em dezembro de 2021, Biden realizou uma cúpula pela democracia da qual ficaram de fora Venezuela, Nicarágua, Cuba, Bolívia, El Salvador, Honduras, Guatemala e Haiti, países cujos governos são acusados de corrupção e violações aos direitos humanos por Washington.
As relações entre EUA e Cuba pioraram ainda mais depois que a Casa Branca classificou como "onda de opressão" a reação do governo de Havana aos inéditos protestos de julho de 2021 na ilha. De acordo com a ONG Cubalex, com sede em Miami, as manifestações terminaram com um morto, dezenas de feridos e 1.395 pessoas detidas.
Além disso, a gestão Biden não reconhece o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, nem o da Venezuela, Nicolás Maduro, por considerar que foram reeleitos em pleitos fraudulentos.