Peru

Presidente do Peru negocia formação de novo governo

Dina Boluarte foi empossada como a primeira mulher presidente do Peru poucas horas depois de Castillo ser deposto por votação no congresso

Descontentamento cresce no Peru enquanto sucessora de Castillo negocia novo governoDescontentamento cresce no Peru enquanto sucessora de Castillo negocia novo governo - Foto: Cris Bouroncle / AFP

A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, negociava neste sábado (10) a formação do seu governo, enquanto manifestações exigindo novas eleições continuavam nas ruas, após a destituição do presidente Pedro Castillo.

Dina Boluarte, vice-presidente até a sua posse, na quarta-feira, prometeu que anunciaria hoje seu gabinete "de união nacional". "A presidente da República deve tomar decisões rápidas, como seu gabinete, e decisões imediatas para sair de certas dificuldades e gerar confiança e tranquilidade", comentou José Williams, chefe do Congresso peruano dominado pela direita.

"Peço calma à população (...) É um momento difícil, mas tem que ser superado da melhor forma", declarou a presidente à rádio RPP, em suas primeiras declarações desde que o Congresso destituiu Castillo.

Dina Boluarte foi empossada como a primeira mulher presidente do Peru poucas horas depois de Castillo, que enfrentava uma série de investigações por corrupção, ser deposto em uma votação do Congresso.

Castillo tentou evitar essa votação, a terceira contra ele desde que assumiu o cargo há 18 meses, anunciando a dissolução do Parlamento e anunciando que governaria por decreto. Mas suas ordens foram ignoradas pelo Congresso e pelas Forças Armadas.

"A Constituição foi violada", disse Williams neste sábado, ao justificar a destituição de Castillo, detido por sua própria escolta enquanto se dirigia à embaixada mexicana para solicitar asilo político e colocado em prisão preventiva por sete dias na última quinta-feira. O Ministério Público o acusa de rebelião e, se for considerado culpado, pode pegar entre 10 e 20 anos de prisão.

Três dias de negociações
Dina Boluarte negocia há três dias com a bancada da direita, dada a deserção da esquerda para se juntar às negociações. Sua decisão de governar até o fim do mandato de Castillo, em 28 de julho de 2026, gerou problemas.

A demanda por novas eleições está ligada a uma rejeição esmagadora do Congresso: de acordo com pesquisas realizadas em novembro, 86% dos peruanos desaprovam o Parlamento.

A lentidão de Dina em tomar decisões gerou passeatas e bloqueios de estradas exigindo novas eleições e a libertação de Castillo. Ela não descartou convocar eleições antecipadas em busca de uma solução pacífica para a crise política, e pediu calma à população.

Protesto no Peru Uma marcha em Lima convocada por grupos de estudantes, trabalhadores e partidos políticos de esquerda a partir das 18h00 gera atenção. Os bloqueios de estradas continuavam pelo terceiro dia no sul do país, onde Castillo, um ex-professor de escola rural, tem grande apoio.

Em Lima, milhares de manifestantes que tentaram chegar à sede do Congresso nesta quinta e sexta-feira foram contidos pelas forças de ordem. A polícia usou gás lacrimogêneo para acabar com a mobilização, que deixou alguns detidos.

Os últimos acontecimentos levaram a polícia a anunciar a suspensão das férias e licenças de seus agentes até nova ordem. Na sede da polícia onde o ex-presidente está detido por ordem judicial, dezenas de apoiadores de Castillo fazem vigília exigindo a sua libertação.

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