PERU

Presidente do Peru pede ao Congresso que abandone interesses e antecipe eleições

A proposta apresentada foi derrotada por 65 votos a 45

A presidente peruana Dina Boluarte fala durante coletiva de imprensa com membros da imprensa estrangeira em Lima, em 24 de janeiro de 2023A presidente peruana Dina Boluarte fala durante coletiva de imprensa com membros da imprensa estrangeira em Lima, em 24 de janeiro de 2023 - Foto: Cris Bouroncle / AFP

A presidente do Peru, Dina Boluarte, lamentou neste sábado (28) a rejeição do Congresso ao adiantamento das eleições para este ano e pediu ao Poder Legislativo que deixasse de lado seus interesses pessoais e partidários para "abrir o caminho para uma saída da crise".

"Lamentamos que o Congresso da República não tenha conseguido chegar a um acordo para definir a data das de eleições gerais, nas quais peruanas e peruanos possam escolher livre e democraticamente as novas autoridades", escreveu Boluarte no Twitter.

"Exortamos as bancadas a deixarem de lado os seus interesses partidários e a priorizarem os interesses do Peru", acrescentou a presidente, em sua primeira reação desde que o Parlamento fracassou, na madrugada deste sábado, na ideia de antecipar as eleições gerais para este ano como ela mesmo havia pedido na sexta-feira.

A proposta apresentada pelo congressista fujimorista Hernando Guerra García, do partido de direita Fuerza Popular (FP), foi derrotada por 65 votos a 45, por isso está mantido o projeto de realizar o pleito em abril de 2024.

Boluarte tinha pedido ontem que as eleições fossem adiantadas para dezembro deste ano, como uma forma de sair mais rápido do "atoleiro" em que o país se encontra, com bloqueios de estradas, escassez de mantimentos e episódios de violência em diferentes regiões do Peru.

A esquerda, no entanto, insistiu que a proposta também deveria incluir um referendo sobre a Assembleia Constituinte, que é rechaçada por um amplo espectro da política peruana, e outros partidos denunciaram uma suposta manobra para tirar proveito eleitoral por parte do Fuerza Popular, legenda da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori.

O projeto votado na madrugada deste sábado será submetido à reconsideração do Congresso na segunda-feira, a pedido do fujimorismo, mas os analistas consideram improvável uma reversão do resultado.

Boluarte descarta renunciar, mas garante que não tem o interesse de se aferrar ao poder. Ela tomou posse em 7 de dezembro, quando, como vice-presidente, substituiu Pedro Castillo, que foi destituído pelo Congresso após uma tentativa de fechar o parlamento e governar por decreto.

Desde então, diversas partes do país, em especial o sul andino, lar de comunidades quíchuas e aimarás historicamente marginalizadas, permanecem em pé de guerra exigindo a renúncia de Boluarte e a realização de eleições.

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