Presidente eleito do Paraguai defende "fundamentos sólidos" da aliança com Taiwan
Paraguai é um dos poucos países latino-americanos e o único da América do Sul que ainda mantém relações diplomáticas com a ilha
O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, defendeu neste sábado (15) em Taiwan que existem "fundamentos sólidos" para manter a aliança com a ilha em detrimento da China, mas destacou que "adoraria" aumentar o comércio com o gigante asiático.
No fim de uma vista de cinco dias a Taiwan, o economista de 44 anos fez um alerta, durante um encontro com jornalistas da AFP e de outros meios de comunicação, sobre os perigos para o desenvolvimento do Paraguai de um rompimento com Taipé para estabelecer uma aliança com Pequim.
"Minha posição não responde a uma questão de nostalgia ou a uma amizade, ou amizade, mas sim que há fundamentos sólidos, há fatos concretos que sustentam porque faz mais sentido ter uma relação com Taiwan do que com a China continental", disse Peña.
O vencedor das eleições presidenciais de abril, que tomará posse em 15 de agosto, chegou a Taipé na terça-feira e prometeu à presidente Tsai Ing-wen que permanecerá "ao lado" do território democrático.
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O Paraguai é um dos poucos países latino-americanos e o único da América do Sul que ainda mantém relações diplomáticas com a ilha, que Pequim considera parte de seu território.
Nos últimos anos, Costa Rica, El Salvador, República Dominicana, Panamá, Nicarágua e Honduras mudaram o reconhecimento de Taiwan para a China, deixando a ilha com apenas 13 aliados oficiais.
A aliança gera debate no Paraguai. Os produtores de soja e carne bovina pressionam pela mudança de reconhecimento para Pequim. O principal rival de Peña nas eleições, Efraín Alegre, havia prometido adotar a medida em caso de vitória.
Apesar da posição de apoio a Taiwan, Peña afirmou que deseja promover o comércio com a China que, de fato, é o "primeiro fornecedor de mercadorias para o Paraguai", com quase 30% de suas importações.
Ao mesmo tempo, as exportações paraguaias para Pequim são mínimas e as exportações para Taiwan, apesar de terem multiplicado por seis desde 2018, representam apenas 2,2% do total.
"Não temos restrições ao comércio com a China. Adoraríamos negociar mais com a China Popular", disse Peña, que lamentou o fato de Pequim impor "restrições" ao forçar uma ruptura com Taiwan para iniciar negociações.
A viagem também teve um aspecto sentimento para Peña, que há 24 anos passou uma temporada em Taiwan para estudar Políticas de Apoio a Pequenas e Médias Empresas.
"Realmente mudou minha visão de mundo e foi um estímulo para continuar meus estudos”, lembrou Peña no encontro com a imprensa.
"Não devemos ter medo das dificuldades", acrescentou, antes de citar Taiwan como exemplo de país "com uma vizinhança difícil" que se tornou "uma das economias mais avançadas em termos tecnológicos".
Como ainda não assumiu o cargo, a visita não incluiu a assinatura de acordos oficiais, mas Peña expressou o interesse de desenvolver a cooperação nas áreas de saúde, educação, geração de empregos e acesso à moradia.