Presidente mexicano lidera marcha em demonstração de força
Seus apoiadores marcharam com camisas e bonés roxos
Centenas de milhares de pessoas acompanharam o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, neste domingo (27) em uma inusitada passeata pelo centro da capital para celebrar seu governo após quatro anos no poder, de olho nas eleições de 2024.
A caminhada festiva de quase seis horas, na qual o presidente de 69 anos parecia animado e não parava de receber abraços, presentes e tirar fotos, reuniu 1,2 milhão de pessoas, segundo o porta-voz da Presidência, Jesús Ramírez. No momento, não há fontes independentes que confirmem a cifra.
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O presidente de esquerda encerrou o ato com um extenso discurso no Zócalo, a principal praça da Cidade do México, que estava lotada de simpatizantes.
Ele citou o poeta e político cubano José Martí - "o amor com amor se paga" - e destacou os "milhões" de beneficiários dos programas sociais de seu governo.
Também abordou a vital relação com os Estados Unidos. Garantiu que não vai "brigar" com Washington, a menos que promova uma política que ofenda os 38,5 milhões de habitantes dos EUA de origens mexicanas.
AMLO, como é conhecido o presidente, batizou seu modelo de governo como "humanismo mexicano", um que busca progredir com justiça e descartar a "obsessão tecnocrática" com os números da economia.
Diante de uma multidão que o pedia para concorrer novamente à presidência, ele respondeu: "Não à reeleição!"
"Meu líder!"
Seus apoiadores marcharam com camisas e bonés roxos, a cor do partido governista Morena, carregando faixas e inúmeras bandeiras com emblemas partidários.
No trajeto, alguns protagonizaram momentos de euforia. “Presidente, presidente, obrigada por tanto!”, gritou Aurora Rincón, mãe solteira, beneficiária junto com sua mãe de auxílios do governo.
"Eu o amo!", disse, por sua vez, Sonia Campuzano, uma estudante de sociologia de 24 anos, que subiu na cerca de uma igreja para vê-lo. "Estou muito emocionada! Ele é meu líder", acrescentou com a voz trêmula e enxugando as lágrimas ao ver o presidente.
A mobilização, vista pelos analistas como uma demonstração de força diante das eleições de 2024, ocupou cerca de quatro quilômetros de avenidas.
Longas filas de ônibus estacionados nas vias que circundam o percurso evidenciavam a forte mobilização dos partidários.
AMLO estava acompanhado, entre outros, pelo chanceler Marcelo Ebrard, pelo secretário do Governo, Adán Augusto López, e pela prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, os três candidatos do partido governista para sucedê-lo como presidente.
Músicos tocavam mariachi e a sigla AMLO podia ser vista estampada em camisetas, bonés e cartazes de seus apoiadores, que chegavam de várias partes do país.
Esta é a primeira grande manifestação oficial durante o governo de López Obrador, que conta com uma popularidade de 59%, segundo uma média de pesquisas realizadas pela empresa Oráculus.
"Força política"
O ato acontece duas semanas depois que a oposição mobilizou dezenas de milhares de pessoas na Cidade do México contra um projeto de reforma eleitoral. Essa marcha da oposição se tornou uma expressão de rejeição ao primeiro governante de esquerda do México.
O presidente negou que a marcha deste domingo fosse uma resposta à mobilização da oposição de 13 de novembro e garantiu se tratar de uma celebração das conquistas nos campos social, econômico e de segurança.
AMLO quer "mostrar força política", comentou à AFP Fernando Dworak, analista do Instituto Tecnológico Autônomo do México (ITAM).
"É um erro grave da oposição acreditar que o presidente pode ser derrotado nas ruas", acrescentou Dworak.
A mobilização também aconteceu em meio a um ambiente de campanha antecipada.
López Obrador "sabe, como especialista em termos político-eleitorais, que para ganhar as eleições precisa de uma máquina que funcione o tempo todo", disse à AFP Gustavo López, pesquisador da Universidade Tecnológica de Monterrey.
Esse propósito é favorecido pela falta de uma liderança forte na oposição, que foi agrupada em uma plataforma chamada "Va por México", composta pelo outrora hegemônico PRI, a Ação Nacional de direita PAN e o PRD (esquerda).