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TECNOLOGIA

Preso na França, fundador do Telegram diz que "não tem nada a esconder"

CEO de 39 anos é acusado de não coibir atividades criminosas no aplicativo de mensagens

Pavel Durov foi preso na França Pavel Durov foi preso na França  - Foto: Reprodução Instagram @paveldurov

O fundador e CEO do aplicativos de mensagens criptografadas Telegram, Pavel Durov, foi preso no aeroporto de Le Bourget, França neste sábado, 24. Neste domingo, a empresa afirmou que seu diretor executivo "não tem nada a esconder" apesar de sua prisão sob acusações de que ele não conseguiu coibir atividades criminosas no aplicativo de mensagens.

"O Telegram segue as leis da UE, incluindo o Ato de Serviços Digitais — sua moderação está dentro dos padrões da indústria", disse a empresa em um comunicado publicado pelo aplicativo.

"Pavel Durov não tem nada a esconder e viaja frequentemente pela Europa", acrescentou. "É absurdo afirmar que uma plataforma ou seu proprietário são responsáveis pelo mau uso dessa plataforma."
 

O bilionário franco-russo de 39 anos tinha acabado de desembarcar do Azerbaijão quando foi detido. Segundo a imprensa, Durov era alvo de um mandado de busca, emitido após uma "investigação preliminar".

O CEO é investigado pela Justiça francesa, que acusa o Telegram de ser cúmplice de "tráfico de drogas, crimes contra crianças e fraudes", pela ausência de moderação e ferramentas oferecidas.

O canal afirma que Durov pode enfrentar acusações neste domingo por diversos crimes, incluindo terrorismo, fraude, lavagem de dinheiro, receptação, conteúdos criminoso infantil, entre outros. Ele deve ficar sob prisão preventiva.

'Liberdade de expressão absoluta'
Professor de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, nos EUA, David Nemer, explica que o Telegram se diferencia de outras big techs em operação no país por se vender como uma plataforma de liberdade de expressão absoluta.

— Pavel Durov, fundador do Telegram, traz para a plataforma a ideia de liberdade de expressão absoluta, em que qualquer interferência é vista como censura. Ao atrair uma audiência que quer promover discursos que são criminalizados, Telegram vira o mais próximo de uma plataforma da dark web que a gente tem na internet aberta. Ele traz conteúdos que sempre existiram na periferia da internet para o centro do debate, através de seus espaços facilmente acessíveis — aponta Nemer.

Algumas das características que o tornam tão propício aos crimes são a autodestruição de mensagens, muito usada em chats para venda de drogas ou pedofilia, o anonimato, a ferramenta de busca interna, que funciona como um "Google" com alcance a todo o conteúdo aberto existente na plataforma, publicado por qualquer usuário.

Diferentemente do WhatsApp, em que as contas são associadas a números de telefone públicos — qualquer usuário dentro de um grupo pode visualizar o número telefônico dos demais —, no Telegram os usuários podem frequentar chats sem mostrar foto, número, nome ou qualquer informação que os denuncie.

O Telegram tem um longo histórico de atritos com autoridades. Antes das eleições presidenciais do ano passado, em março de 2022, o aplicativo de mensagens chegou a ser alvo de uma decisão de bloqueio determinada por Moraes sob a justificativa de que descumpria decisões judiciais e desrespeitava a legislação brasileira. Na época, entre as determinações judiciais descumpridas, estava a de bloquear contas ligadas ao youtuber bolsonarista Allan dos Santos, em meio a esforços do STF contra ataques às instituições e ao processo eleitoral.

A empresa, porém, evitou um bloqueio após apresentar medidas para atender às determinações de Moraes. Além de remover as publicações e bloquear canais e perfis indicados pelo STF, o aplicativo indicou um representante legal no país e anunciou medidas para combater desinformação, como o monitoramento dos 100 canais mais populares do Telegram no Brasil, o que levou o ministro da Corte a revogar sua decisão.

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