Preso por matar crianças a marretadas trocou de carro durante fuga e foi capturado após acidente
David Souza Miranda deu marteladas em meninas de 4 e 5 anos, e também na ex-cunhada, internada em estado grave
Leia também
• Antes de matar filha e sobrinha com marretadas, homem pediu "durante todo o dia" para ver a criança
• Preso por matar crianças a marretadas ligou para ex dizendo que filha implorou para não morrer
Luísa Fernanda, de 5 anos, Ana Beatriz, de 4, morreram com golpes de marreta na sexta-feira, dia 22, em Senador Camará, na Zona Oeste. O principal suspeito do crime é David Souza Miranda, pai de Luisa e tio de Ana. Além de matá-las, ele também teria incendiado a residência e fugido.
A ex-cunhada Natasha Albuquerque, de 30 anos, também foi agredida e teve 98% do corpo queimado. Ela está internada em estado grave no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste. Depois do crime, Miranda tentou fugir e temeu ser capturado por criminosos da facção que domina a região. Durante a fuga, ele trocou de carro e foi encontrado pela polícia após sofrer um acidente. Ele foi preso no outro lado da cidade, no bairro da Tijuca. Ele está na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, em cela coletiva.
Em depoimento à polícia, Miranda negou que tenha matado as crianças e tentado assassinar a ex-cunhada. Ele disse que enquanto estava na casa, um "botijão explodiu". Porém, uma testemunha que estava na residência contou aos policiais detalhes da noite do crime e do comportamento de Miranda após os assassinatos. A testemunha disse que ele temeu ser capturado pela fação criminosa que domina a região. Por isso, saiu do local o mais rápido possível.
Durante a fuga, ele disse à polícia que trocou de carro, pegando o veículo de Nayla Maria Gonçalves, mãe de Luisa. O carro estava estacionado perto da casa de sua mãe. Ele também disse que ficou "trafegando sem rumo até sofrer um acidente no bairro da Mangueira". Depois do ocorrido, ele ficou vagando na região e foi preso no bairro da Tijuca, na Zona Norte da cidade.
Agressões e medida protetiva
À polícia, Nayla disse que David, a quem já denunciou por agressões e tem medida protetiva, insistiu para ver a filha na sexta-feira. Eles teriam combinado de a menina ir à casa dele às 22h na companhia da tia Natasha, a única pessoa adulta da família que podia ter contato com ele, e da prima Ana Beatriz. No local, o homem teria agredido as três com golpes de marreta e, posteriormente, ateado fogo na casa.
Um vizinho de David contou à polícia que chegou a entrar na casa para socorrer as crianças. No local, ele disse que encontrou a menina mais nova com as pernas amarradas na cama, com o corpo queimado, mas ainda viva. Segundo ele, a mais velha, Luisa, não respondia mais a nenhum estímulo e já parecia estar morta. Segundo a testemunha, Natasha estava em um sofá na sala, "toda queimada e não falava nada". Ela segue internada em estado grave.
Cerca de duas horas depois do crime, de acordo com o depoimento de Nayla, David teria ligado, dizendo que ela: "tinha causado uma desgraça na família e que sua filha tinha implorado para não morrer". A frase faz menção às denúncias feitas por ela à polícia sobre as agressões sofridas contra ele, que era "agredida fisicamente durante todo o relacionamento". Além disso, contou que a filha Luísa Fernanda assistia às cenas de agressão e também era vítima dele. Segundo Nayla, em uma ocasião, David teria batido em Luísa de tal forma que a menina ficou com a perna roxa. Ele dizia que era uma maneira de corrigi-la.
Nayla conta que soube do incêndio por meio da facção criminosa que domina a comunidade onde mora. Ela relatou ter ficado preocupada com a demora da irmã e das meninas à sua casa e que, por isso, pediu aos traficantes que fossem até à casa de David. No local, testemunhas disseram que duas crianças e uma mulher haviam sido levadas, em estado grave, a hospitais. No Albert Schweitzer, soube que a filha havia chegado sem vida.
Relembre o caso
Luísa Fernanda da Silva Miranda, de 5 anos, e sua prima, Ana Beatriz Gonçalves da Silva, de 4 anos, deram entrada já mortas em unidades de saúde da Zona Oeste do Rio na madrugada de sábado (23). Natasha Maria Silva de Albuquerque, de 30, mãe de Ana Beatriz, está em estado grave no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. As três foram espancadas dentro da casa onde morava David Souza Miranda, pai de Luiza. Após as agressões, ele teria ateado fogo na residência e fugido.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o Quartel de Campo Grande foi acionado para conter um incêndio na casa, localizada na rua Caminho do Abel. Chegando ao local, depois das 23h desta sexta-feira, foram parados por moradores para socorrer a mulher, vítima de queimadura; as meninas já haviam sido socorridas por vizinhos.
Segundo a Polícia Militar, agentes foram acionados para checar uma ocorrência de violência contra a criança, após as meninas, vítimas de queimadura, terem sido socorridas por vizinhos para a unidade e para a Upa de Bangu. David Souza Miranda foi preso na Tijuca enquanto estava em fuga.