SAÚDE

Pressão alta: aplicativo criado por brasileiros ajuda a reduzir o consumo de sal no dia a dia

Chamado de "Sal na Medida", o programa contabiliza a quantidade da substância usada no preparo das refeições

O consumo do sal caiu de 4,6 gramas por dia, no início da pesquisa, para 3,5 gramas O consumo do sal caiu de 4,6 gramas por dia, no início da pesquisa, para 3,5 gramas  - Foto: Freepik

Uma pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Unicamp propôs uma solução smples, acessível e que, segundo estudo, pareceu ser eficaz na diminuição no consumo do sal durante as refeições o que poderia reduzir os casos de pressão alta no país.

Os pesquisadores criaram um aplicativo de celular chamado “Sal na Medida”, que contabiliza a quantidade de sal usada no preparo das refeições. A pesquisa, que ocorreu entre outubro de 2021 e agosto de 2022, foi aplicada e testada em cerca de 43 participantes entre 20 e 59 anos.

Essas pessoas utilizaram o aplicativo por dois meses, registrando todos os dias o quanto de sal era usado no preparo dos alimentos. A meta era que esse montante não ultrapassasse 3 gramas, já que o restante dos 5 gramas diários recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) viria de outras fontes, como o sal natural dos alimentos e de produtos processados e ultraprocessados. Os usuários também tinham acesso a conteúdos informativos, tais como vídeos de orientação sobre como medir o sal e receitas para substituí-lo.

Depois dos 60 dias, foi observado que o consumo do sal caiu de 4,6 gramas por dia, no início da pesquisa, para 3,5 gramas. Além disso, 67% dos participantes demonstraram disposição em continuar reduzindo a ingestão de sal no dia a dia.

Milena Perin, criadora do aplicativo, contou que os resultados surpreenderam até mesmo os usuários que não imaginavam que consumiam tanto sal por dia. “Essa foi uma intervenção de longo prazo, que facilitou a criação de novos hábitos. O consumo de sal realmente diminuiu e parte das pessoas acompanhadas queria continuar usando o aplicativo, por ter percebido a diferença que o recurso fez”, diz.

Segundo a autora do estudo, a mudança de comportamento também foi detectada na disposição e no autoconhecimento dos voluntários: no final da pesquisa, 93% diziam consumir no máximo 3 gramas de sal adicionado, contra 53% no início.

— O sal, em si, não faz mal à saúde. Ele é importante e necessário. O que faz mal é o seu consumo em excesso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica o consumo de até 5 gramas de sal por dia por pessoa. O brasileiro tem um consumo médio de 14 gramas. É três vezes o indicado e pode causar aumento de pressão, doenças cardiovasculares, hipertensão e sobrecarga renal, algumas das doenças que mais matam no mundo. Tão errada quanto o excesso, também, é a alimentação completamente livre de sal, que pode provocar desmaios, fraqueza, tonteira, perda de consciência e perda neurológica — afirmou a nutricionista Daniele Mello em recente entrevista ao GLOBO.

Sal de cozinha com potássio

Estudo recente apontou que outro meio de reduzir a pressão arterial e o risco de problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames, é trocar o sal de cozinha com sódio por outro com potássio. A pesquisa, publicada na revista científica Nature, mostra que a substituição na composição do tempero reduziu, em média, a pressão arterial sistólica em 7,1 mmHg e a pressão diastólica em 1,9 mmHg.

No estudo realizado com 1.612 pessoas — 1.230 homens e 382 mulheres — que viviam em 48 instituições de saúde na China, as refeições foram preparadas com sal comum contendo 100% de cloreto de sódio ou com um substituto do sal enriquecido com potássio contendo 62,5% de cloreto de sódio e 25% de cloreto de potássio, juntamente com outros aromas. Alguns dos participantes também comeram refeições com menos sal em geral. Todos os participantes tinham mais de 55 anos, com média de 71 anos.

O estudo teve duração de dois anos. Os pesquisadores observaram que os voluntários que viviam em abrigos onde o sal usado era o enriquecido com potássio tiveram uma redução média na pressão arterial sistólica de 7,1 mmHg e na pressão diastólica de 1,9 mmHg, em comparação com os participantes que continuaram usando o sal de cozinha normal.

A redução da pressão arterial foi associada a 1,5 vez menos ataques cardíacos , derrames e outros eventos cardiovasculares no grupo substituto do sal, em comparação com o grupo de sal regular.

Os pesquisadores também descobriram que, embora os voluntários do grupo que consumiam o sal substituto tivessem aumentado os níveis de potássio no sangue, isso não estava associado a nenhuma preocupação de segurança.

Confira abaixo uma lista com três tipos de sal que são recomendados pela profissional, sempre, é claro, dentro da quantidade estipulada pela OMS de 5 gramas ao dia:

Sal comum (de cozinha): para pessoas saudáveis, sem problemas de saúde que impliquem cuidados, o sal comum pode ser usado sem preconceitos.

Sal light: tem um sabor mais suave que o de cozinha. Por ter menos sódio que o comum, é indicado para quem é hipertenso. Por ter mais potássio que o comum, não é indicado para quem tem problema renal, com risco de sobrecarregar os rins.

Sal marinho: por não passar pelo processo químico do sal comum, o marinho tem uma quantidade menor de aditivos químicos como conservantes e corantes — associados ao desenvolvimento de câncer. Ele mantém maior quantidade de minerais como cálcio, potássio, ferro, zinco e iodo. É o mais recomendado por ela para quem necessita de ajuste na quantidade de sódio ingerida.

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