Pressão alta: vilã silenciosa, mas domável
Fator de risco da Covid-19, doença que acomete 24,5% dos brasileiros pode ser controlada, porém requer comprometimento do paciente
Embora sua principal causa seja o componente genético, há diversos fatores externos que contribuem para o desenvolvimento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), também conhecida como pressão alta, fator de risco da Covid-19 e que, segundo dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2019, acomete 24,5% dos brasileiros.
De acordo com o cardiologista Edmar Freire, do Hospital Jayme da Fonte, a obesidade, o sedentarismo, o estresse, o tabagismo, colesterol elevado, diabetes e dieta inadequada são os elementos que, quando modificados, facilitam o controle clínico ou até retardam o surgimento da doença. "É de extrema importância estar atento a isso, pois as doenças cardíacas e acidentes vasculares estão entre as principais consequências da hipertensão, que, se não tratada, pode ser, ainda, um fator de risco para a ruptura de aneurismas", alertou.
A aposentada Maria José, 70, desenvolveu a doença há 11 anos, após desenvolver um quadro de diabetes emocional. Desde então, precisou se adaptar à nova rotina e às exigências que a doença impõe. "É um processo de reeducação que vivo até hoje. Não é fácil deixar de comer algo ou começar a fazer algo, como os exercícios, mas com o tempo, a gente vai entendendo que é necessário", contou.
(PODCAST) Canal Saúde - Hipertensão é risco de óbito em caso de Covid-19
A hipertensão ainda não tem cura, conforme explica Edmar. "A doença pode ser perfeitamente controlada se houver um comprometimento do paciente com a mudança de hábitos", esclarece. "Um detalhe é que a maioria dos pacientes é assintomática, por isso torna-se fundamental o frequente acompanhamento médico, para que haja um diagnóstico precoce e seja possível realizar a prevenção ou o controle, se for o caso", salienta o especialista.
O cardiologista pontua ainda que há casos em que o controle da doença é feito com medicamentos, mas que isso deve ser feito apenas sob prescrição. "O tratamento obrigatoriamente vai incluir uma mudança de hábitos, sobretudo na alimentação, que deve ter restrição ao sal, mas há casos em que também se faz necessário complementar esse processo com o uso de remédios. Nesses casos, é de extrema importância que o paciente seja muito bem acompanhado, para que receba o melhor método", destacou Edmar.
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Além de uma dieta com pouco sal e gordura, o peso do paciente deve ser monitorado constantemente para que esteja adequado à altura e à idade. "O tabagismo e o uso excessivo de álcool são hábitos que devem ser excluídos para o bem da saúde como um todo", lembra Edmar Freire, que também chama a atenção para a importância de incluir a prática de atividades físicas regulares.
O educador físico Jonathan Andrade explica que os exercícios indicados vão depender das condições de cada pessoa, considerando sempre a idade e o quão ativa fisicamente ela já é. "Para quem vai iniciar uma rotina, exercícios de alta intensidade não são os mais indicados, porque elevam demais a frequência cardíaca, o que pode prejudicar o paciente", afirmou Jonathan.
Segundo ele, independentemente do exercício, é crucial avaliar o tempo de duração de movimento e o período de descanso, que devem estar em equilíbrio. "A hidroginástica é muito indicada para esses casos, por conta do impacto, que é menor do que outras atividades que exigem mais", complementou.
Atualmente, Maria José tem convivido sem preocupações com a doença. Aliou o recente hábito de realizar caminhadas a sua alimentação equilibrada e aos medicamentos que toma. "Às vezes, ainda dou uma vacilada, como uma coisa mais salgada ali e aqui, mas nunca em excesso. Manter a dieta em dia é fundamental e me ajuda a reduzir o número de medicações", disse.
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