GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Pressão diplomática aumenta para cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza

Pedido inclui a troca de reféns por prisioneiros e a entrada de ajuda em Gaza

Fumaça subindo sobre a Faixa de Gaza durante o bombardeio israelense Fumaça subindo sobre a Faixa de Gaza durante o bombardeio israelense  - Foto: Jack Guez/AFP

Mediadores internacionais e representantes do Hamas estão no Cairo nesta terça-feira (5) para tentar negociar uma trégua em Gaza antes do início do período sagrado muçulmano do Ramadã.

Representantes dos Estados Unidos, Catar e Egito buscam, no terceiro dia de negociações, alcançar uma trégua de seis semanas entre Israel e Hamas, que incluiria a troca de dezenas de reféns por prisioneiros e a entrada de ajuda em Gaza.

As negociações são "difíceis, mas continuam", informou o canal AlQahera News, próximo dos serviços de inteligência egípcios, citando um funcionário de alto escalão.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, pedem um cessar-fogo face à catástrofe humanitária causada pelos quase cinco meses de guerra na Faixa de Gaza.

Em Washington, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, instou o grupo islamista a aceitar um "cessar-fogo imediato com Israel", afirmando que "cabe ao Hamas decidir se está preparado para se comprometer com o fim das hostilidades".

Israel não participa na nova rodada de diálogos, apesar da crescente pressão diplomática para o anúncio de um cessar-fogo antes do Ramadã, que começa na próxima semana.

Segundo a imprensa israelense, os mediadores do país boicotaram as negociações porque o Hamas se negou a apresentar uma lista dos reféns vivos.

Na segunda-feira (4), o dirigente do Hamas, Bassem Naim, disse à AFP que o grupo não sabe "quais deles (os reféns) estão vivos ou mortos", uma vez que são detidos por "inúmeros grupos em vários locais".

Entrega de nova ajuda humanitária 
Nesta terça, aviões dos Estados Unidos lançaram mais de 36 mil suprimentos alimentícios sobre a Faixa de Gaza, onde a população enfrenta a ameaça da fome, segundo a ONU.

Em uma missão a dois hospitais no norte de Gaza, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que descobriu crianças morrendo de fome e uma grave escassez de alimentos, medicamentos e combustível para geradores.

A agência estima que pelo menos 8.000 pacientes precisam de ser retirados deste estreito território para receber tratamento, o que aliviaria a pressão sobre os poucos hospitais que ainda funcionam em Gaza.

Bombardeios e ataques 
Nesta terça-feira, a cidade de Rafah, no sul do território, voltou a ser alvo de bombardeios noturnos.

Em Khan Yunis (norte) também foram registrados conflitos. Na manhã do mesmo dia, um grupo de mulheres fugiu desta região, que se tornou um campo de ruínas, carregando bandeiras brancas frente aos tanques israelenses, segundo imagens da AFP.

"Destruíram a casa sem avisar. O bairro se tornou um inferno de chamas", relatou Abdullah Amur, sobrevivente do bombardeio de uma casa na qual morreram 16 pessoas, incluindo um recém-nascido, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

O conflito eclodiu após o ataque do grupo islamista contra Israel em 7 de outubro, provocando a morte de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.

Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que deixou 30.631 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Hamas.

"Sementes de ódio" 
Segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista e testemunhas, soldados israelenses abriram fogo no norte contra uma multidão faminta que esperava a entrega de ajuda humanitária, ferindo algumas pessoas.

Testemunhas contaram à AFP que centenas de pessoas cercaram um comboio de 17 caminhões carregados com farinha que chegava a um cruzamento no sul da cidade de Gaza, e que os militares de Israel dispararam sobre este grupo. O Exército israelense não confirmou estes relatos.

A crise humanitária em Gaza foi agravada pelas tensões entre a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) e Israel, que pede o seu desmantelamento.

Israel acusa a organização de empregar "mais de 450 terroristas" do Hamas e outras organizações do território palestino, afirmando que 12 de seus funcionários participaram do ataque de 7 de outubro.

O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, declarou na segunda-feira à Assembleia Geral da ONU que desmantelar a agência sacrificaria "toda uma geração de crianças" em Gaza e levaria a "plantar sementes de ódio".

No mesmo dia, a agência acusou as autoridades israelenses de terem cometido atos de "tortura" contra alguns de seus funcionários.

Em outro relatório, também publicado na segunda-feira, a ONU afirmou que encontrou "motivos razoáveis" para crer que houve violência sexual relacionada ao conflito no dia 7 de outubro.

O Hamas "rejeitou" as acusações, considerando-as "falsas" e "infundadas", garantiu o movimento em um comunicado.

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